home

O país está de luto

O país está de luto

O PS está de luto. Desde fundadores a antigos e atuais dirigentes e a amigos a consternação e pesar pelo desaparecimento físico desta mulher única e de exceção é a nota dominante e emocionada das reações que publicamos.
Adeus a Maria de Jesus Barroso

“Foi com profunda tristeza que soube hoje que a Maria de Jesus não está mais entre nós. Ela foi uma figura inigualável na vida pública portuguesa, pela sua intervenção política e cívica sempre a favor das causas mais nobres, pelo seu inabalável apego aos valores democráticos, pela generosidade com que renunciou a uma carreira brilhante, como atriz excecional que era, para servir o país. Mas acima de tudo sempre recordarei Maria de Jesus como uma muito querida amiga que sempre mostrou uma extraordinária solidariedade e apoio em alguns momentos difíceis da minha vida pessoal, o que nunca poderei esquecer. É uma perda irreparável que nos deixa uma saudade infinita”.

António Guterres
Alto-comissário da ONU para os Refugiados

Foi uma figura tão brilhante e notável, cujo legado o país não vai esquecer. Fico muito impressionado, porque desaparece uma figura brilhante, que teve uma vida cheia em numerosos domínios e por quem eu tinha uma amizade e consideração enormes.

Esteve muito envolvida na resistência contra o regime anterior, em atividades políticas permanentes e grande combatente pela democracia, a quem tive o enorme prazer de distinguir com a Ordem da Liberdade, porque a merecia. É uma perda, mas podemos dizer que teve uma vida cheia, ativa até ao último momento e, isso torna-a uma figura brilhante da sociedade portuguesa que agora desaparece.

Jorge Sampaio
Antigo Presidente da República

Perdemos uma amiga e camarada. Uma grande mulher, uma grande socialista. Uma verdadeira senhora. Em nome do Grupo Parlamentar do PS envio um enorme abraço de solidariedade a Mario Soares, ao João e à Isabel e a toda a família. Maria Barroso nunca será esquecida.

Ferro Rodrigues
Presidente do Grupo Parlamentar do PS

Deixou-nos a Maria de Jesus Barroso.

E começa a hora de termos de viver sem ela.

Sem a sua inteligência; sem a sua cultura; sem a sua arte; sem a sua simpatia irradiante.

A família perde uma esposa, uma mãe e uma avó que não podia ser melhor. O Partido Socialista perde uma fundadora e uma dirigente que o enriqueceu de exemplos e virtudes.

Vai ser difícil continuar a viver sem ela.

Obrigado, Maria de Jesus.

Almeida Santos
Ex-presidente do PS

Morreu uma amiga, uma atriz, antiga heroína do Lorca, uma militante, musa da nossa geração. Mulher preocupada com tudo o que se passava no nosso país, com a nossa democracia e com o destino da Europa que neste momento tanto nos deve preocupar. Ela foi poupada a este dilaceramento da nossa utopia que chamamos Europa. Guardamos o seu sorriso.

Eduardo Lourenço
Ensaísta

Foi uma mulher que admirei toda a vida, que conheci durante a luta pela liberdade, contra a ditadura. Era uma mulher de exceção, com uma garra e empenho em relação aos valores da liberdade, democracia e justiça inexcedíveis. Foi o suporte de Mário Soares, o pai da Democracia, em situações muito difíceis. Mulher com uma coragem enorme, era solidária com o marido que passou uma parte da sua vida na prisão e no exílio.

António Campos
Fundador do PS

Foi uma grande figura da luta pela liberdade e da cultura. Foi primeira-dama mesmo antes de Mário Soares ser eleito Presidente da República.

Manuel Alegre
Ex-vice-presidente da Assembleia da República

Maria de Jesus Barroso Soares trazia consigo toda a sua vida: as alegrias, as provações, os ideais, as desilusões, as pessoas, os acontecimentos. Trazia também os ensinamentos de tudo isso. Essa memória recomeçada dava-lhe, ao mesmo tempo, profundidade e lonjura. Ou seja, sabedoria.

Ela tinha uma visão ética da vida: fazia aquilo que devia fazer e não aquilo que lhe era cómodo, proveitoso ou fácil fazer. Por isso, esteve sempre à altura do que lhe aconteceu.

Prolongava-se nos outros. Havia nela atenção e gentiliza, generosidade e bondade. Sabia adivinhar a falta que fazia. Sabia perceber o que nos outros era dificuldade ou carência. Sabia compreender, sorrir, ajudar, achar a palavra certa, encontrar o gesto justo. Quando percebia que alguém perdia importância, poder, estatuto ou prosperidade, era então que se tornava mais próxima, mais presente, mais assídua.

Amigo de tantos anos, guardo dela a imagem de uma dignidade imaculada, a memória de uma elegância serena.

Maria Barroso gostava de responder ao que o mundo lhe perguntava com a força vital e a energia vocal da poesia. No momento da sua morte, oiço-a dizer poemas de Pessoa, Pessanha e Cesário. Essa música da vida ajuda-me a entrar no silêncio da sua morte.

José Manuel dos Santos
Ex-assessor cultural do Presidente da República Mário Soares

Maria Barroso foi uma das mulheres portuguesas mais notáveis do nosso tempo. Tive o enorme privilégio de a ter conhecido com cerca de 13 anos quando entrei, como aluno interno, para o Colégio Moderno. A minha amizade, admiração e respeito por ela datam dessa época.

Para mim, foi sempre uma referência e um exemplo. Sublinho as suas qualidades multifacetadas como educadora, cidadã e mulher exemplar, lutadora pela liberdade, pela democracia, pelos direitos humanos e pela paz. Destaco, ainda, a mulher de cultura em áreas tão relevantes como a poesia, o teatro e o cinema.

Neste momento de profunda tristeza, gostaria de recordar o nosso último encontro, há poucas semanas, num jantar em sua casa, onde nos disse que sentia que se aproximava do fim, mas que partiria serena e feliz por ter uma Família maravilhosa e por ter conhecido um Papa extraordinário: Francisco.

Com o seu desaparecimento, fica um rasto de Bondade e de Valor. Mas, igualmente, um enorme vazio para a sua Família, para os seus amigos e para milhões de portugueses.

Alfredo Duarte Costa
Embaixador; Antigo assessor diplomático do Presidente da república Mário Soares

“Maria Barroso, obrigada pelo exemplo! Perdemos uma grande Mulher, defensora acérrima e intransigente dos valores da Liberdade, da Igualdade e dos Direitos das Mulheres, uma mulher da cultura, uma ativista cívica, uma socialista que para todas nós é um exemplo de perseverança, de resistência e de esperança.

Aos 90 anos de idade, Maria Barroso estava sempre presente e tinha sempre uma palavra de estímulo, de ânimo para que não desistíssemos porque o País, Portugal e a Democracia precisava muito de nós, dizia-mo recorrentemente.

A sua sensibilidade, o seu humanismo, a sua visão ética, social e cultural do mundo traduziam-se sempre numa palavra sagaz de estímulo para resistirmos nos momentos difíceis e nunca desistirmos.

A sua morte representa uma perda muito grande para todas e todos nós, e sobretudo para as mulheres portuguesas, para as socialistas, para todas aquelas que acreditam que vale a pena lutar pelo impossível e fazer a vida acontecer”.

Elza Pais
Deputada do PS