Defesa dos valores comuns exige uma Europa “unida, forte e mobilizada”
Falando hoje no segundo e último dia da Convenção da Aliança Progressista, organização de que fazem parte os partidos socialistas, trabalhistas e democratas de vários continentes, António Costa defendeu que uma União Europeia “unida, forte e mobilizada”, assumindo um papel de “ator global”, é uma condição indispensável para aumentar a estabilidade do continente europeu que se depara, como frisou, com “focos de conflito”, quer a leste, quer a sul” do seu território, que constituem “ameaças reais à sua segurança”.
O Secretário-geral do PS, que falava no âmbito de um painel subordinado ao tema “Sem paz, tudo é nada”, defendeu que a Europa não pode abdicar de uma aposta séria e forte no reforço da sua segurança e na capacidade de defesa, no quadro da NATO, sobretudo numa altura, como acentuou, em que os cidadãos europeus “temem a ameaça terrorista e a destruição do nosso modelo de vida”, ou quando do outro lado do atlântico sopram ventos que apontam para uma “deriva isolacionista” por parte dos EUA.
Segundo o líder dos socialistas portugueses, para que o combate às ameaças terroristas possa assumir um papel eficaz é necessário que a Europa crie mecanismos de defesa mais eficientes e cooperantes entre as várias organizações policiais e judiciais e entre os “serviços de informação”, porque só assim, unidos, é que “podemos defender os valores comuns”, como a da “tolerância, da laicidade, do diálogo intercultural e da integração”, pressupostos e antídotos que “previnem a radicalização”.
Perante o quadro atual de incertezas a nível global, onde predomina uma preocupante “instabilidade e imprevisibilidade” nas relações internacionais, com “constantes desafios à paz” entre os povos e com o “emergir de movimentos e derivas nacionalistas e populistas”, António Costa fez questão de salientar o papel importante que as Nações Unidas podem e devem desempenhar na presente conjuntura mundial, sustentando a necessidade de uma aposta forte e decidida no “reforço do multilateralismo” nas relações internacionais.
Um reforço que para o primeiro-ministro se reveste de um importância premente, até porque, como lembrou, o mundo tem vindo a assistir nas últimas semanas a um conjunto de declarações de vários líderes políticos de diversos países “muitas vezes xenófobas”, que têm aumentado e contribuído para adensar o clima de instabilidade e de imprevisibilidade das relações internacionais, e que muito estão a potenciar os “egoísmos” nacionalistas e a “colocar em risco as relações entre Estados e entre povos”.
Futuro da UE
Na sua intervenção, António Costa referiu-se também ao debate em curso sobre o futuro da Europa, voltando a defender que a União Europeia precisa de avançar e de se consolidar com “bases mais sólidas”, algo que em sua opinião só poderá suceder se, por um lado, for capaz de desencadear uma maior mobilização junto dos cidadãos para o projeto europeu, e, por outro lado, concluir a União Económica e Monetária”, de forma a “estabilizar o euro”, retomando a “convergência, o crescimento e o emprego”.