Defender a Europa para defender a Madeira
Paulo Cafôfo falava no Centro Cultural John dos Passos, onde decorreu a Convenção “Madeira é Europa”, que contou com a participação do Secretário-geral do Partido Socialista, António Costa.
“Importa defender a Madeira na Europa, mas também importa defender a Europa na Madeira”, disse, lembrando a importância dos fundos da política de coesão e dirigindo uma saudação à eurodeputada madeirense Liliana Rodrigues “por todo o trabalho, dedicação e empenho que tem tido no Parlamento Europeu”.
Segundo afirmou Paulo Cafôfo, “precisamos da União Europeia, mas também precisamos de um governo regional que seja eficiente, competente e capaz na aplicação e execução daquilo que são os apoios e os fundos comunitários”, porque, disse, “sentimos que não há equidade nem há justiça na atribuição desses fundos comunitários”.
Por outro lado, o candidato abordou também o tema da continuidade territorial. “A questão da nossa portugalidade faz-se pela continuidade territorial, aquilo que nos liga ao continente. Aqui, o Estado não tem falhado, o Governo português não tem falhado, o António Costa não tem falhado no que diz respeito à mobilidade entre a Madeira e o Continente”, afirmou, acrescentando que sinal disso mesmo são as verbas que têm sido inscritas no Orçamento do Estado para garantir a mobilidade dos madeirenses e porto-santenses com o continente.
Não obstante, referiu, falta ainda uma componente, que é “garantir a continuidade territorial e um modelo que possa ser sustentável e estruturado pela via marítima”.
Afirmações “indecorosas” tentam desculpar incompetência da governação do PSD
A um outro nível, Paulo Cafôfo considerou que a Autonomia não pode ser uma arma de arremesso político e adiantou que não pode concordar com as “afirmações indecorosas que têm sido feitas ao primeiro-ministro de Portugal e ao Presidente da República, só para servirem de bode expiatório à incompetência e à incapacidade deste governo” regional.
“Sou autonomista convicto, porque acredito que nós, madeirenses, temos a capacidade de resolver aquilo que nos diz respeito em cooperação com o Estado português. Não posso concordar que se coloque a Madeira contra o continente, que se coloquem madeirenses contra madeirenses, porque a Autonomia não foi criada para dividir, a Autonomia foi criada para unir”, sublinhou.
Segundo Paulo Cafôfo, “o nosso inimigo não está em Lisboa nem na Madeira”. “O nosso inimigo é o desemprego, é o abandono escolar, são as listas de espera na Saúde”, frisou.
O candidato fez ainda questão de deixar uma palavra especial aos emigrantes na Venezuela, que neste momento lutam pela democracia, pela liberdade, pela igualdade e pela fraternidade.
Emanuel Câmara antevê “dia histórico para Região” a 22 de setembro
Por seu lado, o presidente do PS-Madeira, Emanuel Câmara, mostrou-se convicto de que o dia 22 de setembro será “um dia histórico para a Região Autónoma da Madeira, com o derrube de 42 anos de poder na Região”.
Falando na abertura da Convenção, Emanuel Câmara referiu que o PS quer ser poder na Região, mas não só pelo poder. “Nós queremos ser poder na Região Autónoma da Madeira, porque nós queremos implementar na Região aquilo que nós temos feito como autarcas nas diferentes câmaras em que somos poder. E toda a gente sabe que os autarcas do PS, a sua primeira preocupação são as pessoas”, sustentou.
O líder socialista madeirense lembrou a coligação que o partido quer fazer com a sociedade civil e disse não ter dúvidas que será “este ano em que finalmente o cerne da democracia será uma realidade, com a alternância do poder”.
Emanuel Câmara desejou que a 26 de maio o PS tenha já uma grande vitória nas eleições europeias, novamente com um deputado da Madeira no Parlamento Europeu, e manifestou o desejo de que António Costa continue como primeiro-ministro de Portugal, para, “juntamente com o Governo do PS e com Paulo Cafôfo à sua frente, resolvermos de uma vez por todas os problemas de todos os madeirenses e porto-santenses”.
Avançar a descentralização de competências para tratar da coesão territorial
Já a presidente da Câmara Municipal da Ponta do Sol, Célia Pessegueiro, abordou a descentralização de competências do Estado para as autarquias, uma questão que na Região Autónoma da Madeira “está travada na Assembleia Regional”.
“Não tenho esperança que este assunto seja resolvido daqui até ao final do ano”, disse. Dirigindo-se a Paulo Cafôfo, a autarca socialista afirmou: “será tua a responsabilidade de, a partir de outubro de 2019, tratar da descentralização de competências e de meios para as autarquias, para podermos de facto tratar de coesão territorial”.
Refira-se que a Convenção contemplou ainda um debate sobre Coesão Territorial, moderado pela eurodeputada Liliana Rodrigues, e que teve como oradores convidados João Prudente, pró-reitor da Universidade da Madeira, Élvio Jesus, presidente da Secção Regional da Ordem dos Enfermeiros, e Célia Pessegueiro, presidente da Câmara Municipal da Ponta do Sol.