“Preso numa obsessão de esvaziar a agenda da extrema-direita, o Governo deixa para trás as muitas urgências às quais é chamado todos os dias”, lamentou Pedro Delgado Alves, numa declaração política no Parlamento.
De acordo com o presidente da bancada socialista, “o início da legislatura tem vindo a demonstrar uma clara tendência para o avolumar da escala dos problemas herdados do primeiro mandato da governação da AD, sendo, em muitas áreas, visíveis não só a incapacidade das medidas, a insuficiência das respostas, mas em especial os efeitos negativos das decisões tomadas”.
Recordando que, na área da saúde, a AD dizia há um ano que “tudo se resolveria num ápice”, o dirigente socialista fez um resumo do resultado das políticas do Governo: “Temos um país onde hoje temos mais pessoas a aguardar médicos de família, temos mais urgências de obstetrícia encerradas do que no período homólogo, temos a situação das listas de espera para cirurgias e consultas a piorar no meio do desaparecimento de números detalhados, temos graves consequências da incapacidade gestionária e da seleção de dirigentes demonstrada pelo Governo, particularmente visível no INEM, e temos desresponsabilização permanente da ministra”.
Realidade não cola nas ilusões que o Governo propagou
Na educação, ficou claro que, “afinal, o Governo não consegue assegurar a primeira das suas missões perante este Parlamento: prestar informação detalhada com números sérios, objetivos e rigorosos sobre o impacto das suas decisões”, denunciou.
Também nesta área o Governo “prometeu todas as facilidades do mundo e confronta-se com a realidade que não cola nas ilusões que propagou”, disse.
Pedro Delgado Alves deixou críticas à “responsável pela pasta do Ensino Superior, que no passado rejeitou a gradual eliminação da propina, criticou os valores baixos das propinas atualmente praticados e sustentou os empréstimos como uma via alternativa para financiamento dos estudos superiores”.
Já na habitação, o índice de preços “apresenta as variações mais elevadas em 15 anos”, algo que o Partido Socialista lamenta. Sabendo que é um “problema que não se circunscreve a Portugal”, Pedro Delgado Alves assegurou que “as opções políticas do atual Governo agravam o problema e não concorrem para superar esta dificuldade”.
“Se perante tudo isto já teríamos vários exemplos de ‘inconseguimentos’ em várias áreas relevantes para o Estado Social, poderíamos, eventualmente, ter uma boa notícia no PRR”, comentou o líder parlamentar do PS. “No entanto, relatórios recentes, nomeadamente o Tribunal de Contas, apontam um acréscimo de riscos relevantes na concretização de investimentos, em particular nas áreas da saúde, da habitação e das infraestruturas”, referiu.