De acordo com a socialista, que apresentava o projeto de resolução do PS, “podemos olhar para a tecnologia de duas formas: como uma vantagem, na medida em que permite às crianças e jovens aceder a mais informação, a outras formas de aprender e de se conectar com o mundo e com os outros; ou como um risco, que as torna dependentes e vulneráveis a conteúdos inadequados e a relações potencialmente perigosas”.
A deputada do PS lembrou que já existem indicadores sobre o modo como as tecnologias se relacionam com o desenvolvimento, bem-estar e saúde mental das crianças e jovens, e mencionou o “impacto nas competências psicomotoras, na atenção e nas competências socio emocionais”, a par da evolução de fenómenos como o cyberbullying, “apontado pela UNESCO como a consequência mais negativa do uso do telemóvel em contexto escolar”.
Ora, “o PS dá um importante contributo para este debate, apresentando um projeto assente em dois princípios especialmente relevantes para uma área sempre dada a muitos ‘achismos’: primeiro, o princípio da tomada de decisão baseada em evidências científicas e numa visão multidisciplinar sobre o tema, ouvindo profissionais da psicologia, da educação e da tecnologia; e segundo, o princípio da autonomia das escolas na construção de soluções adequadas aos seus contextos educativos, partindo de processos de reflexão alargados e participados pela comunidade educativa”, explicou.
Catarina Lobo advertiu que o Partido Socialista não exclui a “possibilidade de alterar os instrumentos legais e de vir a contemplar limitações ou restrições ao uso das tecnologias, em particular dos telemóveis, em contexto escolar”.
“O que não consideramos é que essa opção deva ser o ponto de partida deste processo. Preferimos considerá-la antes como o resultado de um processo de auscultação da ciência e do terreno, confiando que as escolas são organizações capazes de encontrar as respostas mais equilibradas e adequadas às suas realidades”, sustentou a parlamentar.
Dirigindo-se a todas as bancadas, Catarina Lobo alertou que este é o momento de se fazer “um debate construtivo, sem demagogias, para que não surjam soluções simplistas e redutoras, como as que são meramente proibicionistas, para problemas altamente complexos e profundamente sistémicos”.