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Cumprir o confinamento é decisivo para que os alunos possam voltar às escolas o mais depressa possível

Cumprir o confinamento é decisivo para que os alunos possam voltar às escolas o mais depressa possível

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, detalhou ontem o reajustamento do calendário escolar, retirando dias às pausas letivas e acrescentando uma semana ao ano letivo, enquadrando a compensação pela interrupção das atividades letivas por 15 dias, decidida pelo Governo para travar o aumento de contágios no país resultante da nova variante de Covid-19.
Cumprir o confinamento é decisivo para que os alunos possam voltar às escolas o mais depressa possível

“Estes 15 dias, e depois da auscultação a vários atores da educação, vão ser compensados, na que era a interrupção letiva do Carnaval, naquilo que restava da interrupção letiva da Páscoa e também com uma semana no final do ano letivo e assim conseguimos compensar estes 15 dias”, disse o ministro, em conferência de imprensa no Ministério da Educação, em Lisboa.

Tiago Brandão Rodrigues esclareceu ainda que não há exceções a esta determinação de período de interrupção das atividades letivas, aplicando-se de igual forma aos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo.

“Tenho muito respeito pelo ensino particular e cooperativo, mas não são as nossas universidades e o nosso ensino politécnico com o grau de autonomia que têm. Este ziguezaguear, não digo oportunismo, mas espreitar sempre a exceção, ou tentar fazer diferente, é o que nos tem causado tantos problemas em termos societais”, disse o governante, comentando a posição de representantes associativos do ensino privado, de reivindicarem a adoção de um regime de exceção, no que respeita ao recurso ao ensino à distância, neste período de pausa letiva.

“O cumprimento estrito das regras é algo que deve acontecer. Todas as atividades letivas estão interrompidas durante este período”, sublinhou.

Tiago Brandão Rodrigues recordou que as famílias com crianças com 12 anos ou menos nas escolas serão apoiadas, que as escolas se vão manter abertas para os filhos dos profissionais de atividades essenciais no âmbito da pandemia e para servir refeições aos alunos mais carenciados. Ao nível do ensino especial, as instituições mantêm-se abertas com todos os apoios terapêuticos e medidas adicionais disponíveis.

O ministro reiterou, depois, um apelo à sociedade portuguesa para o cumprimento rigoroso do confinamento para que se possa reduzir o tempo em que os alunos terão de ficar afastados das escolas.

“A experiência do ano passado mostra-nos, e eu queria aqui reafirmar, que nada substitui a experiência letiva presencial. Os novos conhecimentos, os novos sonhos dessas gerações acontecem muito melhor nas escolas do que confinados em cada uma das suas casas. Sabemos que nada substitui a ida todos os dias à escola, o momento ‘eureka’ de aprender coisas novas, ou o momento de encontrar um novo amigo”, sublinhou.

Neste sentido, referiu Tiago Brandão Rodrigues, esta interrupção é “uma oportunidade”, numa “janela temporal relativamente pequena”, após a qual terão de ser tomadas decisões, em função da evolução da situação epidemiológica no país.

“Nós agora estamos num momento do calendário escolar onde podemos ainda fazer compensação, ainda temos uns dias nas interrupções letivas que nos permitem esta compensação, mas depois daí sabemos que não teremos ‘ad eternum’ um conjunto de vias para fazer esta substituição. Depois teremos que voltar presencialmente, um ciclo, dois ciclos, todos, ou recorrer ao ensino à distância”, explicou, sublinhando que esta é uma opção para a qual a escola pública “está preparada”.

Por isso, reforçou, “apelo a todos os que trabalham nas escolas e aos alunos, principalmente aos mais jovens, que cumpram este confinamento em casa, com o mesmo zelo, que, com muito orgulho, vi ser cumprido”.

“A prioridade é sempre o ensino presencial”

Já esta sexta-feira, o ministro da Educação reiterou que a primeira prioridade é sempre o ensino presencial, mesmo no atual cenário de interrupção letiva, advertindo que se deve evitar uma mensagem de “sobrevalorização do ensino à distância”.

“Por muito que tenhamos que preparar o ensino à distância, temos necessariamente que ter como prioridade o ensino presencial, porque podemos começar a ter uma mensagem que corresponde a uma sobrevalorização do ensino à distância, até para os tempos pós-pandemia”, declarou Tiago Brandão Rodrigues, numa conferência de imprensa após um encontro informal, por videoconferência, dos ministros da Educação da União Europeia.

“Queremos que os alunos da escolaridade obrigatória, independentemente do subsistema de ensino, possam ter o direito de ter aulas presenciais, as que são possíveis de acomodar, e nesta altura do ano ainda temos essa possibilidade”, defendeu.

“Todos os sacrifícios que estamos a fazer nos sistemas de formação e educação têm como objetivo ajudar globalmente a mitigar a propagação da pandemia, mas a primeira resposta tem que ser, logo que possível, voltar às escolas”, reforçou Tiago Brandão Rodrigues.

Sem prejuízo, explicou o ministro, “obviamente, caso a situação se estenda, teremos que encontrar outras soluções e foi isso que disseram também os ministros europeus, alguns dos quais tomaram decisões semelhantes”.

O ministro afirmou partilhar com os seus homólogos europeus a ideia de que a transição para o digital tem que acontecer também na Educação, mas ressalvou que “verdadeiramente não há compensação completa” do ensino à distância para o presencial.

“E não falo unicamente nas qualificações ou nas competências. Falo nas questões de sociabilização, de saúde mental, de atividade física”, completou.

Quanto à capacidade que Portugal e os outros países tiveram de preparar uma infraestrutura de ensino à distância, o ministro referiu que os seus homólogos apontaram “as dificuldades de se poderem apetrechar, de formar os professores quando estão à distância e poder chegar às crianças mais vulneráveis”.

“É muito difícil um professor do primeiro ano, do primeiro ciclo, independentemente da máquina que esteja do outro lado, chegar com qualidade e ter uma aprendizagem significativa com um aluno que não sabe ler nem escrever nesta altura do ano, apesar de saber mexer no digital, mas muito na visão do utilizador lúdico”, exemplificou.