O primeiro-ministro voltou esta terça-feira, na conferência do clima das Nações Unidas, a lembrar que Portugal há mais de uma década que olha para as questões do clima e do combate às alterações climáticas com a máxima atenção e empenho. Disso são exemplos, como assinalou, a aposta que Portugal tem vindo a fazer “desde há cerca de 15 anos” nas energias renováveis, que hoje representam “cerca de 60% da eletricidade consumida no país”, sendo que se mantém igualmente de pé, como também referiu, o objetivo de “atingir a neutralidade carbónica até 2050” e mesmo com o compromisso de estudar a viabilidade da sua antecipação até 2045.
Mencionando que Portugal foi um dos países europeus que conseguiu já encerrar as suas últimas centrais a carvão, tendo-o feito, como lembrou, encurtando o prazo em cerca de dois anos, o primeiro-ministro, depois de garantir que, mesmo com a crise energética, Portugal não equaciona reativar as suas centrais de carvão, enalteceu o papel decisivo que as energias renováveis têm representado nos últimos anos para a economia portuguesa, assegurando que é por aqui que o país terá de caminhar.
António Costa disse ainda que Portugal tem de ter a “capacidade e a ambição” de passar de país “importador de energia fóssil a exportador de energia verde”, objetivo que está perfeitamente “ao nosso alcance”, numa altura em que mais de 60% da produção elétrica consumida em território nacional resulta da energia renovável e quando tudo aponta, como também assinalou o primeiro-ministro, para que até 2026 Portugal esteja em condições de atingir 80% da sua produção elétrica por via das energias renováveis, cabendo também nesta equação “o hidrogénio verde e outros gases renováveis”.
Portugal acolhe conferência sobre incêndios florestais
Na sua intervenção, o primeiro-ministro trouxe à discussão o tema dos incêndios florestais, tendo anunciado que Portugal vai organizar, em 2023, uma Conferência Internacional sobre o tema e um “fórum de investimento em economia azul sustentável”. Lamentando que os incêndios rurais só muito esporadicamente sejam abordados nestas conferências sobre o clima, o chefe do Governo salientou que este é um tema que merecia ter uma maior atenção, uma vez que cerca de 6% das emissões mundiais de CO2, como declarou, “resultam de incêndios provocados por causas humanas”, sendo que em anos muito extremos “esse valor pode chegar a representar 20%”.
António Costa aproveitou ainda para enaltecer a realização desta Conferência sobre as Alterações Climáticas num país africano, o Egito, lembrando, contudo, que nenhum país se poderá esquecer do “esforço global de financiamento que todos têm de fazer” para se poderem encontrar as “respostas aos problemas de África”.
A este propósito, assegurou que Portugal tem “intensificado a cooperação para a ação climática”, designadamente através de garantias dadas junto do Banco Africano de Desenvolvimento, de um acordo que envolve cerca de 400 milhões de euros para “apoiar o investimento nos países africanos de língua portuguesa em setores prioritários como as energias renováveis”.
Quanto à necessidade urgente de se apostar na transição energética, que seja “justa e sinónimo de crescimento e de prosperidade económica”, e acima de tudo, como também referiu “um imperativo moral”, António Costa disse tratar-se de uma questão decisiva que “devemos dar às nossas populações, ao resto do mundo e às futuras gerações”, lembrando que a emergência climática “é já uma crise que afeta o mundo”.
Uma crise que não pode nem deve ser separada do drama que envolve a guerra na Ucrânia, e que por isso mesmo, ainda segundo o primeiro-ministro, tem demonstrado “quão necessário é acelerar a transição energética e diminuir a dependência dos combustíveis fósseis”.
Para o primeiro-ministro português, ninguém deve sair desta COP27 a abrir mão ou “recuar perante os compromissos já assumidos”, defendendo que no plano político o que deve imperar é o “diálogo multilateral”, para que se possam encontrar as respostas para fazer face aos desafios globais e se “atingir os objetivos do Acordo de Paris”.