Cooperação transfronteiriça será um dos temas fortes na próxima cimeira Luso-Espanhola na primavera
Um dos grandes objetivos de Portugal para os próximos anos é “melhorar a cooperação transfronteiriça”, defendeu o primeiro-ministro, no jantar de Estado que ontem ofereceu, no Palácio das Necessidades, em honra dos reis de Espanha, que hoje terminam a sua visita oficial de três dias a Portugal.
Numa breve alocução, António Costa lembrou que a questão da cooperação transfronteiriça constitui um dos temas fortes e em destaque na próxima cimeira entre os governos de Portugal e Espanha, que terá lugar na primavera, garantindo António Costa que esta questão mereceu já a “total concordância por parte do primeiro-ministro espanhol”.
Depois de recordar que a cooperação transfronteiriça é um dos grandes objetivos inscritos no Programa Nacional de Reformas, apresentado pelo Governo do PS, o primeiro-ministro, António Costa, fez votos para que a cooperação política entre os dois países ibéricos seja reforçada e revigorada a níveis “cada vez mais elevados”, desde logo, como realçou, no quadro da União Europeia, aludindo que os “espanhóis são sempre bem-vindos a Portugal”, seja como turistas, investidores, estudantes ou como trabalhadores.
Dois países com estratégias comuns
Já na cerimónia parlamentar, que decorreu esta manhã, de boas-vindas aos reis de Espanhas, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, defendeu que os dois países ibéricos “têm interesses estratégicos comuns”, razão mais do que suficiente, em sua opinião, para que continuem a trabalhar em conjunto, de forma a melhor responderem aos “desafios e ameaças” que pairam sobre a Europa e o mundo.
Na sua intervenção, Ferro Rodrigues, depois de traçar um comparativo entre o discurso no Parlamento português feito pelo antigo rei Juan Carlos, há 16 anos, e o atual momento, com Filipe VI a falar perante os deputados de Portugal, lembrou que a Europa e o mundo, nesta última década e meia, “mudaram muito”, ao ponto de hoje “vivermos num ambiente estratégico internacional completamente diferente”, dando como exemplos as “novas dimensões globais”, como o terrorismo, a proliferação de “Estados falhados e as guerras civis”, mas também o “aquecimento global ou o drama humano dos refugiados”.
Para Ferro Rodrigues, desde o ano 2000, quando a união económica e monetária “estava a dar os primeiros passos” que as economias portuguesa e espanhola se estão a tentar adaptar, quer ao “impacto do alargamento da Europa a leste, quer à abertura comercial à Ásia”, quer ainda “à integração nas regras da moeda única”, criticando a União Europeia por ter respondido “tardia e insuficientemente”, deixando que a crise financeira se tivesse transformado numa “crise de dívidas soberanas com consequências muito graves nos sistemas políticos, sociais e financeiros”.
O presidente da Assembleia da República regozijou-se depois pelo apoio “incondicional e ativo” de Espanha na eleição de António Guterres, para Secretário-geral das Nações Unidas, e pela aliança dos dois países ibéricos contra a “condenação da hipótese de sanções contraproducentes e injustas” a Portugal, lembrando que os dois países estão juntos na “causa humanitária dos refugiados” e que ambos “sabem bem pela sua experiência histórica” que o caminho da prosperidade se faz com a “abertura ao mundo e não pela via do isolamento nacionalista”.