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Cooperação transfronteiriça é opção estratégica de Portugal e Espanha

Cooperação transfronteiriça é opção estratégica de Portugal e Espanha

O crescimento da economia espanhola tem sido um “contributo” decisivo também para Portugal, defendeu o primeiro-ministro num almoço na Câmara do Comércio e Indústria Luso-espanhola, elogiando ainda António Costa a aposta do país vizinho “no mercado ibérico transfronteiriço”.

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Cooperação transfronteiriça é opção estratégica de Portugal e Espanha

Falando ontem num almoço perante mais de três centenas de membros da Câmara de Comércio e Indústria Luso-espanhola, António Costa, depois de elogiar o sucesso alcançado pela economia espanhola nos últimos anos, êxito que representa também “um forte contributo e um benefício para Portugal”, enalteceu a aposta do Governo do país vizinho “no mercado ibérico das regiões transfronteiriças”, lembrando que este será o tema forte da próxima cimeira entre os governos de Portugal e de Espanha, no dia 21 deste mês, em Valhadolid.

Com efeito, como salientou o chefe do Governo português, a próxima cimeira ibérica, ao conceder particular destaque à cooperação transfronteiriça, está a dar “sequência a uma opção estratégica de ambos os países”, sustentando que o baixo nível de desenvolvimento que se regista nos territórios de fronteira dos dois países ibéricos “é atípico” perante a realidade existente nas restantes regiões transfronteiriças no conjunto da União Europeia.

A este propósito, o primeiro-ministro fez questão de recordar que, ao fim de “séculos de costas voltadas”, as regiões transfronteiriças ibéricas são hoje das mais “pobres e abandonadas” no conjunto do restante território dos dois países, ao contrário da realidade existente no resto da Europa, onde a realidade nos mostra que são as regiões transfronteiriças que “tendem a ser as mais ricas”.

Para contrariar esta realidade de maior pobreza e de mais baixo desenvolvimento económico nos municípios junto à fronteira, o primeiro-ministro anunciou, perante uma plateia onde predominavam empresários dos dois países, que o Governo vai lançar já no próximo dia 20 deste mês uma “empreitada rodoviária”, de modo a concluir a ligação do Itinerário Principal 5 de Vilar Formoso à fronteira espanhola, que, segundo garantiu António Costa, “terá um perfil de autoestrada”.

Mas também a ferrovia, ainda segundo o primeiro-ministro, merecerá uma atenção especial por parte de Portugal, designadamente com a eletrificação da linha do Minho entre Viana do Castelo e Valença, com a nova ligação ferroviária entre o porto de Sines e o Caia, e ainda com a “renovação das linhas da Beira Alta e da Beira Baixa”.

Novas obras e novos avanços na economia e no bem-estar social a nível nacional, que só foram ou serão possíveis de realizar, defendeu António Costa, porque houve “progressos claros” ao nível da macroeconomia portuguesa, quer em resultado do aumento exponencial das exportações, quer face ao baixo défice e à clara redução da dívida, quer ainda pela acentuada descida do desemprego, algo que Portugal não experimentava, como referiu, há já várias décadas.

Espanha compra em Portugal

O primeiro-ministro lembrou depois que o mercado português constitui hoje uma importante mais-valia para as empresas espanholas, sendo já o “quarto cliente de Espanha”, acima do próprio Reino Unido, facto levou o chefe do Executivo a lembrar que no conjunto do ‘deve e haver’ das exportações e importações de bens e serviços entre os dois países, “a soma atinge os 42 mil milhões de euros”.

Um cenário que António Costa garante “estar a melhorar”, referindo a propósito que a taxa de cobertura das exportações nacionais para Espanha “está a crescer cerca de 20%”, bem acima da média registada, como salientou, “em relação ao conjunto dos outros países”, reafirmando dados oficiais de que a taxa de cobertura das exportações nacionais para o país vizinho está atualmente em 71%, o que para o primeiro-ministro é “bastante significativo”, tendo em contra a “desigualdade da dimensão das duas economias”.

António Costa lembrou ainda que o investimento alemão, outro dos investimentos estratégicos de extrema importância para a economia portuguesa, já não tem hoje o perfil, como até aqui, dirigido sobretudo para a indústria, mas que a opção dos investidores alemães é agora principalmente dirigida para “os centros de competência em software”, o que na opinião do primeiro-ministro “demonstra a notoriedade e a excelência da mão de obra portuguesa”, designadamente ao nível das suas “qualificações na área das engenharias”.