Cooperação entre países do sul da Europa “é fundamental” para pôr em marcha o programa de recuperação
“No último Conselho Europeu antes das férias, a Europa teve um momento histórico ao afirmar a capacidade de responder unida à crise sanitária da Covid-19, mas também de se unir num programa ambicioso de reconstrução e resiliência, tendo em vista acelerar a transição digital e energética do ponto de vista da ação climática”, começou por salientar o líder do Governo português, na conferência conjunta que encerrou a cimeira.
Neste sentido, sublinhou, a cooperação entre os países do Sul da Europa “é fundamental para pôr em marcha este programa, para reforçarmos as sinergias, e em conjunto podermos, designadamente no domínio da energia, contribuir para que a Europa acelere o seu processo de transição energética”, acrescentando que “esta é uma agenda que devemos desenvolver em conjunto, para ajudar o conjunto da União Europeia”.
“Se queremos recuperar economicamente e reforçar a nossa resiliência, combater o desemprego, apoiar o rendimento das famílias, e apoiar as nossas empresas, é também fundamental que o ambiente internacional seja favorável à recuperação”, reforçou António Costa, tendo ao seu lado o Presidente francês, Emmanuel Macron, anfitrião da cimeira, o chefe de Estado de Chipre, Nicos Anastasiades, e os líderes dos governos espanhol, Pedro Sanchez, italiano, Giuseppe Conte, grego, Kyriakos Mitsotakis, e maltês, Robert Abela.
Solidariedade com Grécia e Chipre
Na sua declaração, António Costa sublinhou que a crise gerada pela pandemia “é uma crise global, e a multiplicação de crises geopolíticas não favorecerá a recuperação económica global”.
“É, por isso, essencial apostar no diálogo e na criação de condições para que a economia global possa recuperar”, sustentou, defendendo, neste contexto, que “é muito importante que estejamos aqui todos a expressar a nossa solidariedade incondicional à Grécia e a Chipre”, fazendo referência aos diferendos dos dois países com a Turquia.
Ainda de acordo com o primeiro-ministro português, é também “da maior importância apoiar as iniciativas que o Alto Representante para a Política Externa da União Europeia, Josep Borrell, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, têm em mãos, de forma a podermos chegar ao Conselho Europeu de 24 e 25 de setembro em condições para tomarmos as decisões” adequadas, “para que, como disse o primeiro-ministro grego, a solidariedade não seja apenas uma palavra”.
Afirmar a Europa como fator de equilíbrio
António Costa sublinhou que o mundo precisa “de uma Europa que seja um fator de equilíbrio à escala global”, o que implica, no entender do líder socialista português, “uma agenda comum que permita rebalancear as políticas de vizinhança, e, sem desvalorizar a importância da fronteira oriental, também não desvalorize, mas, pelo contrário, coloque no primeiro plano, os nossos vizinhos do Sul” do Mediterrâneo.
“Precisamos de uma agenda positiva a desenvolver com estes países, no domínio do conhecimento, da energia, e das migrações”, disse António Costa, acrescentando, em relação a esta última realidade, que “as migrações têm uma dimensão interna à União Europeia, que se expressa em solidariedade, e uma dimensão externa que tem de se apoiar numa política de promoção dos direitos humanos, da paz, do desenvolvimento e da prosperidade partilhada, que é a forma inteligente de regularmos de forma eficaz as migrações”.
“A Europa é feita de várias regiões e este conjunto de países da Europa do Sul dá um contributo muito importante para o conjunto da União Europeia. Estes países não se juntam para dividir, juntam-se para dar mais força à União”, concluiu o primeiro-ministro português.