Convergência de esquerda tornou mais forte a democracia
“Em Portugal foi aberto um caminho pioneiro nesta Europa. Um Governo do PS apoiado por PCP, Bloco de Esquerda e PEV. Honro-me de ter sido sempre um dos defensores desta solução mesmo quando ela parecia impossível”, afirmou Manuel Alegre, no Porto, onde interveio numa iniciativa organizada pelo Movimento de Intervenção e Cidadania.
Sublinhando “a coragem e a inteligência de António Costa, Jerónimo de Sousa, Catarina Martins e Heloísa Apolónia”, o histórico socialista defendeu que a convergência entre os partidos de esquerda “acabou o mito do arco da governação que amputava a democracia” e restituiu a confiança na governação do país.
“A direita despeitada chamou-lhe geringonça, mas a geringonça restituiu a confiança e está a fazer o seu caminho, com a cooperação institucional do Presidente da República”, reforçou.
Manuel Alegre apontou depois aos desafios que se colocam à convergência entre os partidos, exemplificando com a questão da redução da TSU, assinalando que pode e deve ser ainda aprofundada.
“É preciso aprofundar a convergência onde ela é possível e necessária, por forma a tornar mais consistente esta solução de Governo, tão importante para Portugal e para a Europa”, concluiu Manuel Alegre.
Responder à ameaça populista
Na sua intervenção, Alegre abordou também o cenário político europeu e internacional, salientando que a tomada de posse de Donald Trump como novo presidente dos EUA “marca o fim de um mundo como o conhecemos e inicia uma era em que não se sabe como o mundo vai ser”.
De acordo com o histórico socialista, é necessário refletir “como foi possível que Trump tenha sido eleito”, alertando para o divórcio que se tem vindo a acentuar entre os cidadãos e quem os representa.
“Os povos não se têm sentido representados, deixaram de acreditar em alternativas dentro do sistema”, apontou, referindo que “na Europa, pelas mesmas razões, velhos bastiões da esquerda estão a voltar-se para a extrema-direita”.
Manuel Alegre destacou ainda a necessidade de reformar o Euro, porque “se isso não acontecer a Europa, e agora sobretudo depois do que está a acontecer na América, corre o risco de se desagregar”.
“Alguns partidos de centro-esquerda abandonaram aqueles que deviam defender e estes, em desespero, viram-se para as forças populistas. Só no ano passado na Europa, num total de 18 eleições, os socialistas perderam 12. Neste ano de 2017 o cenário não parece nada promissor, designadamente em França, Holanda, Itália e Alemanha. A ameaça populista cresce”, alertou.