Convenção Democrata nos EUA demonstra a alternativa à austeridade cega
O PS disse que a Convenção do partido Democrata dos Estados Unidos e as eleições presidenciais de novembro são “importantes para Portugal”, como foram as francesas, por questionarem a viabilidade de políticas de austeridade.
O secretário nacional do PS para as Relações Internacionais, João Ribeiro, a participar na convenção em Charlotte, Carolina do Norte, disse que o partido se “revê muito facilmente” no discurso ex-presidente Bill Clinton na quarta-feira, atribuindo a políticas económicas liberais estragos de que ainda hoje os Estados Unidos se ressentem.
“Depois de estarmos tantos anos a lidar com uma solução conservadora na Europa, mais uma vez [depois de François Hollande, em França] uma visão alternativa vai a votos. É um sinal de esperança para Portugal, perceberam que há alternativas, que podem ir a votos e ganhar”, afirmou.
João Ribeiro adiantou que, na Europa e Estados Unidos, os fundamentos do debate são os mesmos, opondo “quem quer diminuir a capacidade do Estado e Governo atuarem”, com políticas de austeridade, e quem, como os socialistas, entende que “os governos têm papel na promoção do crescimento económico, fundamental na igualdade de oportunidades”.
“Esta convenção tentou demonstrar muito bem que a despesa pública na Educação, Saúde ou Segurança Social tem valor económico, permite libertar gerações criativas capazes de inovar”, revelou o dirigente do PS, sublinhando que a necessidade de responsabilidade orçamental é hoje “consensual em todo o espectro político”.
A realidade está a “desmentir” os defensores da austeridade. “Já desmentiu no passado e desmente agora. Considerando todo este quadro, estas eleições e o papel do partido democrata é muito importante”, considerou.
A convenção democrata é de “enorme relevância” para Portugal e a eleição de novembro “será das mais importantes nos Estados Unidos”. “O que se passa em Portugal e nos Estados Unidos pode ter uma relação direta”, afirma.
João Ribeiro defende os resultados da administração Obama evocando os 4,5 milhões de postos de trabalho privados criados desde 2010, número que, contudo, não reflete a perda de empregos durante o primeiro ano de mandato, em 2009.
“Quando na Europa nos confrontamos com um drama de desemprego descontrolado, haver um Governo que consegue criar um número de empregos no atual contexto é obviamente muito importante”, defendeu.
Nos corredores da Convenção, afirma, há “um grande consenso de que os problemas de Portugal e da zona euro têm de resolver-se com mais integração económica e política”, visão que entra em choque com a do Governo português.
“Choca muito que Portugal esteja ausente, de braços caídos. Não se conhece uma ideia, um pensamento sobre a zona euro, sem ser seguir o que a senhora Merkel diz”, concluiu.