Contranatura
As políticas europeias precisam urgentemente de clarificação. Dando um contributo para isso, o Grupo dos Socialistas e Democratas europeus, apresentou uma candidatura à Presidência do Parlamento Europeu baseada numa plataforma política progressista e numa agenda coerente para enfrentar e ultrapassar a estagnação em que vive o projeto europeu. A sua candidatura foi suplantada por uma amálgama de interesses, acoplando os conservadores ingleses que abriram as portas à saída do Reino Unido da UE, aos liberais que pela voz de Guy Verhofstadt têm defendido a criação dos Estados Unidos da Europa.
Eurocéticos do Grupo Conservador e Reformista ou do Grupo Europa da Liberdade e da Democracia Direta, euro pasmados do Partido Popular Europeu e euro entusiastas do Grupo da Aliança dos Democratas e Liberais, fizeram um acordo contranatura de tomada do poder, que em nada vai contribuir para a clarificação dos processos de decisão na União Europeia, nem para ultrapassar quadro de paralisia e incerteza em que vive.
Em Portugal, no quadro dos mecanismos de concertação social, foi possível encontrar um acordo que permitiu aumentar o salário mínimo, e ao mesmo tempo assegurar às empresas um contexto de sustentabilidade que lhe permite potenciar a criação de emprego associada ao incremento induzido na procura interna. Contra a sua natureza e até contra aquela que ao longo de décadas tem sido uma fatia significativa do seu eleitorado, o PSD decidiu opor-se. Foi uma prova de vida em desespero e sem olhar a consequências para as pessoas e para o País em concreto.
Na política não pode valer tudo, mas alguns ainda não entenderam esse princípio fundamental. Terá que ser o povo, na sua grande sabedoria, a fazê-los democraticamente entendê-lo.