O Secretário-Geral do PS, António Costa, foi ao 5º congresso da Tendência Sindical Socialista, realizado em Lisboa, no passado sábado, defender no encerramento dos trabalhos que sem crescimento dos salários “não haverá crescimento da economia”, reconhecendo, contudo, que a inversa também é verdadeira. Apelou, por isso, às empresas para que sigam o exemplo do Governo, que acaba, pela segunda vez este ano, de aumentar os salários dos funcionários públicos, uma medida que o líder socialista considera ter sido justa para minimizar o impacto do aumento do custo de vida resultante da crise inflacionária.
Um período difícil, como acrescentou, com uma causa que já não se via há décadas e que veio “interromper o ciclo de crescimento real dos rendimentos”, insistindo o também primeiro-ministro no papel decisivo que os sindicatos têm e nunca poderão deixar de ter, “principalmente nas negociações realizadas no âmbito da concertação social”, lamentando que no sindicalismo ainda haja em Portugal quem sistematicamente se coloque de fora de qualquer acordo, uma postura que para António Costa “não tem ajudado a reforçar o poder negocial dos sindicatos”.
Para o líder socialista, hoje, mais do que nunca, é determinante para o país e para quem vive do seu trabalho, que haja um diálogo construtivo entre empresas, sindicatos e Governo, numa equação privilegiada para se encontrar as “convergências na construção das respostas que permitirão equipar o país para o futuro”, sobretudo num momento, como também referiu, em que Portugal e o mundo “estão confrontados com desafios que determinarão a realidade do mundo do trabalho nos próximos anos”.
Para que tudo isto se conjugue e o diálogo deixe de estar, como até aqui, reservado apenas a parte dos protagonistas, numa mensagem clara dirigida à líder da CGTP, é necessário, desde logo, que os sindicatos e as empresas encetem, em conjunto com o Governo, um processo em que ninguém se sinta mais com o direito de se auto excluir. Lembrando aqui António Costa que, para lá dos salários, há outros temas não menos importantes e não menos críticos a discutir e a acordar, como a “organização dos tempos de trabalho, ou as relações de poder nas empresas”.
Não compreender isto, disse, “é não compreender a mudança que está em curso no mundo do trabalho”, onde se assiste, como destacou António Costa, a alterações que vão “inevitavelmente” mexer e acelerar muito com os atuais conceitos, o que torna o diálogo entre os diversos atores um dos fatores decisivos, sem o qual “muito dificilmente o país estará apto a enfrentar os desafios do futuro, quer em matéria da transição energética, quer os relativos à transição digital”. O líder socialista voltou a garantir que, pelo lado do PS, a postura será sempre a de manter o diálogo na construção da negociação coletiva, seguindo aliás o exemplo, como salientou, do que se passa nas restantes economias desenvolvidas.
É este o caminho, acrescentou o líder socialista, que o Governo está a consolidar através da Agenda do Trabalho Digno, o do “diálogo profícuo” com os parceiros sociais, referindo que as soluções de que o país mais precisa têm de ser “construídas em conjunto” com o “aprofundamento das relações em sede de concertação social”.
PS é o grande partido dos sindicalistas em Portugal
Presente neste 5º congresso da tendência socialista, o Secretário-Geral Adjunto, João Torres, tinha já alertado na abertura dos trabalhos para o destacado lugar que o PS ocupa no país e na democracia portuguesa, também dentro do movimento sindical nacional, assumindo mesmo que o partido “é a organização dos sindicalistas em Portugal”.
Um lugar que o PS assume com particular orgulho, como referiu, defendendo João Torres que os socialistas não se limitam hoje a ser uma maioria absoluta no Governo, mas também “uma maioria de diálogo” que tem sabido, de forma prudente, “construir pontes nas respostas sociais e nas conversações com os sindicatos”, que são as “forças vivas da democracia portuguesa”.
João Torres insistiu, por isso, que o Partido Socialista é a “organização político-partidária que melhor compreende e que melhor percebe os sindicalistas”, classificando o PS como o “grande partido dos sindicalistas em Portugal”.