Falando esta manhã aos jornalistas após se ter reunido na residência oficial de São Bento com os ministros de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, e com o chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro, destinada a preparar a reunião do Conselho Superior de Defesa Nacional, convocada, a pedido do Governo, pelo Presidente da República, o primeiro-ministro começou por afirmar que Portugal condena de forma “veemente a ação militar hoje desencadeada pela Rússia sobre o território ucraniano”, expressando apoio e solidariedade às comunidades ucraniana no nosso país e portuguesa na Ucrânia.
António Costa referiu, depois, que Portugal dispõe, a partir deste ano, de uma força militar de reação rápida, colocada sob as ordens do comando da NATO, lembrando que decorrerá também hoje uma reunião do Conselho do Atlântico Norte ao nível de embaixadores, onde se “definirá qual a medida e o empenho que as forças de dissuasão da NATO poderão adotar para proteger todos os países membros da Aliança Atlântica que têm fronteira com a Ucrânia” e os restantes que estão localizados na “vasta região que se estende da Islândia à Turquia”.
Plano de evacuação está no terreno
O importante, antes de mais, é salvar vidas. É com este propósito e com esta prioridade que o Governo português tem vindo a desenvolver um plano meticuloso de evacuação dos portugueses e dos luso-ucranianos residentes na Ucrânia, garantindo António Costa que Portugal tem “total abertura” para acolher os familiares e os amigos dos ucranianos residentes no país, garantindo-lhes que “poderão contar com toda a nossa solidariedade”.
O primeiro-ministro referiu ainda que o Governo português transmitiu instruções a todas as embaixadas do país, não só à da Ucrânia, mas igualmente às dos restantes países vizinhos, para que “agilizem as emissões de vistos para quem pretenda vir para Portugal”, manifestando, contudo, o desejo de que a situação no terreno não evolua para uma escalada de absoluto descontrolo, apelando ao líder russo, a exemplo do secretário-geral da ONU, António Guterres, para que retire as suas forças da Ucrânia e que “dê espaço para o diálogo diplomático”, evitando assim pôr em causa “a paz e a segurança no conjunto da Europa”.
UE deve acautelar diversificação de fontes de energia
Nesta conferência de imprensa em São Bento, que antecedeu a reunião do Conselho Superior de Defesa Nacional no Palácio de Belém, o primeiro-ministro referiu ainda a necessidade “inadiável” de a União Europeia começar a planear uma estratégia que aponte para a diversificação das suas fontes de abastecimento de energia, lembrando a este propósito que o gás russo representa hoje mais de 40% das importações europeias.
Quanto ao impacto que esta matéria-prima russa tem na economia portuguesa, António Costa lembrou que Portugal é dos Estados-membros da Europa que “menos está dependente do gás russo”, não deixando, contudo, de apelar a que a União Europeia “olhe para a questão da sua segurança energética numa ótica de 360 graus”, percebendo “como é determinante diversificar as fontes de abastecimento de energia na Europa”.
O primeiro-ministro considerou “prematuro” fazer uma avaliação substantiva das sanções aplicadas à Rússia, alertando para a necessidade de nesta fase se saber qual “a extensão e a duração deste conflito”, insistindo uma vez mais que a Europa não pode deixar de “acelerar o processo de descarbonização” da sua economia e de apostar “numa melhor utilização das energias renováveis”. Ainda a este propósito, o líder do Governo socialista alertou também para a necessidade de se aumentarem as “interconexões entre Portugal e Espanha e daqui para o conjunto da Europa”, considerando estas ligações “absolutamente decisivas”, tal como decisivas são igualmente “as articulações de Portugal com um conjunto de países africanos fornecedores de energia ou com as importações que podem vir dos Estados Unidos da América, onde temos infraestruturas para acolhimento e exportação”.