Comunidade internacional tem que se unir para apoiar Moçambique
“Não devem existir quaisquer dúvidas que, para o Governo português, é uma prioridade apoiar Moçambique no combate ao terrorismo, no domínio humanitário e noutras áreas de cooperação, mobilizando todos os recursos diplomáticos ao seu dispor, a começar pelo imprescindível apoio que pode ser dado pela União Europeia”, sublinhou o socialista durante o debate sobre os projetos de resolução do CDS e do PAN, na última sexta-feira.
Em causa estão os “ataques terroristas no norte de Moçambique, sobretudo desde há três anos a esta parte, fragilizando populações já de si com vidas muito precárias”. Paulo Pisco referiu que as situações que suscitam maior preocupação são a “expansão territorial da ameaça jihadista, com os seus métodos bárbaros que massacram populações e destroem aldeias, e a grave crise humanitária que os ataques têm provocado, fazendo já cerca de dois mil mortos e cerca de meio milhão de deslocados”.
“Mas também causa muita preocupação a participação de insurgentes estrangeiros, que faz recear uma internacionalização do conflito, a crescente sofisticação do seu material bélico e táticas de combate, a ameaça à integridade e soberania do Estado moçambicano, os interesses ilegítimos que se cruzam no terreno, a violação dos direitos humanos ou as limitações à liberdade de imprensa, tudo questões já identificadas quer pela União Europeia, quer pelas Nações Unidas”, enumerou.
“Nada do que acontece neste país nos é estranho, onde também devemos realçar a importante comunidade portuguesa que merece igualmente toda a atenção”, mencionou o parlamentar, que explicou que “os apelos das Nações Unidas, da União Europeia, de Portugal, de outros países e de outras organizações regionais pretendem tão só ajudar a parar a barbárie e o sofrimento de muitos moçambicanos, sem nunca pôr em causa o respeito pela soberania do país”.
Daí a necessidade de haver “um esforço concertado da comunidade internacional e estruturado em várias frentes, tanto em termos de segurança, como de desenvolvimento e apoio humanitário”, explicou.
Paulo Pisco defendeu que “os vários países e organizações regionais podem dar o seu contributo, e também a CPLP deve ter um papel relevante a desempenhar, como de resto já o assumiu na última reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros”. E frisou que “esta concertação é fundamental e urgente para evitar que a instabilidade alastre no país e a nível regional”, recordando que “o terrorismo internacional já atinge, de maneira dramática, outros países limítrofes, como a Somália, o Quénia ou a Tanzânia”.
Em janeiro será enviada uma equipa de militares para dar formação em Moçambique
Paulo Pisco evidenciou depois a importância de o Governo moçambicano ter pedido “formalmente ajuda à União Europeia, numa carta datada de 16 de setembro, o que abriu claramente as perspetivas de apoio da comunidade internacional”.
O primeiro-ministro português, António Costa, “transmitiu recentemente ao presidente Nyusi a disponibilidade para apoiar bilateralmente e no quadro da União Europeia os esforços de combate ao terrorismo em Cabo Delgado e, há uma semana, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, numa deslocação a Moçambique, assegurou que a partir de janeiro, ao abrigo da cooperação na área da Defesa, será enviada uma equipa de militares para dar formação em vários domínios táticos às Forças de Segurança e Defesa moçambicanas, com o único objetivo de ajudar as autoridades a exercer a sua soberania, sem soldados no terreno”, avançou Paulo Pisco.
A ajuda a Moçambique “será, inevitavelmente, uma das prioridades da presidência portuguesa da União Europeia”, assegurou o deputado, que disse que “o próprio Alto Representante para a Política Externa, Josep Borrel, pediu já ao ministro Augusto Santos Silva que se deslocasse a Moçambique em representação da União Europeia para definir melhor as formas de cooperação”.
Paulo Pisco terminou a sua intervenção garantindo que “Portugal não se esquece de Moçambique, nem deixará que a comunidade internacional o faça”.