Compromisso com a ciência e o conhecimento
Vasco Cordeiro falava durante a cimeira “Atlantic Interactions” (Interações para o Atlântico), que visa preparar a criação do Atlantic International Research Center (AIR Center) dos Açores, direcionado para a investigação sobre o Atlântico nas áreas dos oceanos, das alterações climáticas, do espaço, da atmosfera, das energias renováveis e do processamento de dados.
Na ocasião, o líder do Executivo regional açoriano evocou “o simbolismo” do encontro, que reúne governantes, empresários, cientistas e académicos de mais de 20 países, ao recuperar a “boa imagem” do arquipélago, depois da “má imagem” gerada pela cimeira das Lajes, também na Terceira, em 2003, que ficou conhecida como a “cimeira da guerra”, por se ter realizado quatro dias antes da invasão do Iraque pelos Estados Unidos.
Vasco Cordeiro realçou a cimeira como “um compromisso com a ciência e o conhecimento” e “a ambição das pessoas baseada na cooperação”, para “não só aumentar o conhecimento, mas para trabalhar visando futuro melhor”.
O encontro internacional “Atlantic Interactions”, que durou uma semana, incluiu rondas de debates entre representantes de governos, empresas e instituições científicas e académicas.
O eurodeputado socialista Ricardo Serrão Santos marcou também presença na abertura da reunião, afirmando que o “AIR terá um papel central a desempenhar na cooperação transatlântica” e saudando o ministro Manuel Heitor pela liderança e empenho nesta iniciativa.
Novas pontes de cooperação
Para salientar o que pode ser feito a partir dos Açores, recuou a 2003, ano em que uma oceanógrafa da Universidade dos Açores, a cientista Manuela Juliano, ao analisar grandes conjuntos de dados, identificou uma nova corrente oceânica no Atlântico Sul, ao largo do Brasil.
“Eis como uma investigadora, a partir do arquipélago dos Açores, conseguiu identificar a chamada Corrente/Frente de Santa Helena, um fenómeno de larga escala e espelho da Corrente/Frente dos Açores e que até então era desconhecida”, afirmou o eurodeputado.
Na sua intervenção, que teve como tema “O Atlântico como plataforma Norte-Sul, Sul-Norte de pesquisa Oceanográfica, Climática e Atmosférica”, Serrão Santos salientou a visão do Atlântico como um recurso partilhado que já foi cenário de uma longa história de conflitos e ganância.
“Agora é a altura de consolidar a cooperação na partilha de capacidades tecnológicas, aquisição e partilha de dados no âmbito de uma estratégia de desenvolvimento azul que possa contribuir para novas economias saudáveis baseada no conhecimento e na sustentabilidade”, afirmou.
Para Serrão Santos “os Açores são a localização exata para construir novas pontes de cooperação internacional, explorando uma plataforma Norte-Sul e Sul-Norte para investigação na investigação dos Oceanos, Clima e Atmosfera”.
Referindo-se às suas expectativas quanto às potencialidades do Centro AIR, o eurodeputado, que é coordenador dos socialistas europeus na Comissão das Pescas do Parlamento Europeu, manifestou a sua convicção de que este “centro poderá ser um marco histórico, um pilar central para a cooperação científica e industrial”.
Trata-se, vincou, de uma “cooperação que é fundamental para o avanço da ciência e para o aconselhamento estratégico”, que são “fatores decisivos para o sucesso de uma agenda de empreendedorismo azul sustentável, geradora de crescimento e de empregos azuis” proporcionando, acrescentou, “melhorias tecnológicas e inovação para um Atlântico mais resiliente e saudável”.