“Hoje é um dia histórico. Hoje a liberdade ultrapassa os 17.499 dias da ditadura: 17.500 dias em Liberdade”, assinalou, por ocasião da data, António Costa. Manifestando “gratidão aos que combateram a ditadura e aos militares de Abril que a derrubaram”, o primeiro-ministro e líder socialista sublinhou ainda “confiança nas novas gerações que garantem 25 de Abril sempre”.
No primeiro momento das comemorações, esta quarta-feira, pelas 17h00, no Pátio da Galé, em Lisboa, tem lugar uma sessão solene de condecoração de militares de Abril, com a presença e a intervenção das três principais figuras institucionais do país, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa.
A cerimónia contará também com a interpretação, por uma formação da Orquestra Geração, de uma música original de Bruno Pernadas para funcionar como hino dos 50 anos de democracia, sendo igualmente lido um poema original, escrito a propósito da efeméride, pela jovem poetisa Alice Neto de Sousa.
Ainda nesta cerimónia, será encerrada uma cápsula do tempo, contendo um conjunto de objetos e de materiais, designadamente três cartas escritas por jovens portugueses de hoje, vencedores do concurso de escrita do Plano Nacional de Leitura, e que serão destinadas a serem lidas por jovens de 2074.
Evocar o movimento estudantil e projetar o futuro nos mais jovens
O programa dos primeiros dias das comemorações, prossegue na quinta-feira, 24 de março, quando se celebra o Dia do Estudante, com o foco no papel do movimento associativo estudantil.
“Teremos um evento que evoca a crise académica de 1962, bem como outras crises académicas e contestações que ocorreram nas universidades até 1974. Na Aula Magna [da Reitoria da Universidade de Lisboa], será projetado um documentário original sobre as crises académicas e teremos um colóquio com testemunhos e com historiadores”, observa Pedro Adão e Silva, comissário executivo da Estrutura de Missão para as Comemorações.
No final do dia, no Museu de História Natural da Universidade de Lisboa, será inaugurada uma exposição intitulada ‘As primaveras estudantis – da crise de 1962 ao 25 de Abril de 1974’.
“Será uma exposição multimédia sobre o papel dos movimentos estudantis, com muitos documentos e originais. A carta de demissão de Marcello Caetano do lugar de reitor vai estar lá, bem como a final da Taça de Portugal de 1969, entre a Académica e o Benfica, com o galhardete do jogo, as camisolas dos jogadores Toni (Benfica) e Mário Campos (Académica), que ambos trocaram no final. É uma exposição que tenta mostrar o percurso dos movimentos estudantis e que tem como propósito falar aos mais jovens de hoje e perceber aquilo que aconteceu”, assinala.
Também na quinta-feira, inicia-se a digressão pelo país do espetáculo ‘Mais Alto’, direcionado para o público infanto-juvenil e envolvendo autarquias, escolas e cineteatros, que terá 46 sessões gratuitas até 17 de junho, coincidindo com o final do ano letivo.
Pedro Adão e Silva salienta, ainda, a importância de virar as comemorações para o futuro e para os jovens, frisando que “a maior parte da população portuguesa já nasceu depois de 1974”.
“Para muitos jovens, o 25 de Abril começa a ser uma memória distante e difusa – um evento histórico em relação ao qual já não têm proximidade”, assinala, antes de se referir às elevadas taxas de abstenção eleitoral entre os mais jovens – um fenómeno que indicia afastamento em relação à democracia.
Por isso, no contexto das escolas, na perspetiva do comissário executivo, “é fundamental que se consiga mostrar que a participação e o envolvimento fazem diferença”.
A cidade de Lamego é a primeira paragem do espetáculo, que “celebra o poder da palavra e da música, partindo do cancioneiro em língua portuguesa para sensibilizar crianças e jovens para a ideia e a prática da democracia”. Durante o mês de março, o espetáculo será também apresentado em Pombal, Ponte de Lima e Barcelos, seguindo depois para outras localidades.
As comemorações dos 50 anos do 25 de Abril vão prolongar-se, num vasto programa, até dezembro de 2026, quando se assinalar meio século das primeiras eleições autárquicas realizadas em Portugal.