Combate ao insucesso escolar é garantir que “nenhum aluno é deixado para trás”
“Não queremos administrativamente diminuir as retenções. Queremos fazer aquilo que é mais difícil, que é agarrar em cada um dos nossos alunos, principalmente aqueles que estão em meios socioeconomicamente mais desfavorecidos, com famílias com menos capacidade, para os ajudar no seu trabalho”, explicou o governante, em entrevista dada à agência Lusa.
Recorde-se que quase 35% dos alunos com 15 anos contam com pelo menos um ‘chumbo’ no seu currículo, o que faz com que Portugal seja “um dos grandes totalistas em percentagem de retenções” da Europa.
Um cenário que motiva a atenção do ministro da Educação, salientando Tiago Brandão Rodrigues que “as retenções nunca levam esses alunos a bom porto. Muito provavelmente levam ao abandono escolar ou uma nova repetição de ano”.
De acordo com o plano de combate ao insucesso escolar, o Executivo dará prioridade às escolas inseridas em “meios sociais e economicamente marginalizados ou mais complexos”, intensificando medidas já iniciadas na anterior legislatura, de que é exemplo a criação de um “apoio tutorial específico”, ou apostando em novos projetos, permitindo às escolas encontrar soluções adaptadas a cada um dos alunos.
Às instituições de ensino e aos professores caberá a tarefa de fazer “aquilo que é mais difícil”, ou seja, como apontou o governante, “trazer esses alunos para dentro da escola, para que nenhum possa ficar para trás”.
“Temos de encontrar medidas que possam coadjuvar o trabalho dos professores e, sempre que necessário, que possam robustecer o corpo docente, mas, acima de tudo, também poder estabilizar esse corpo docente”, acrescentou Tiago Brandão Rodrigues.
Escolas com autonomia para decidir dimensão das turmas
Na entrevista, o ministro da Educação revelou também que está a ser delineada uma medida de reforço da autonomia das escolas, que dará liberdade aos diretores dos agrupamentos para flexibilizar a constituição de turmas de diferentes dimensões, desde que necessariamente sustentadas em projetos pedagógicos.
Tiago Brandão Rodrigues acredita que a medida trará benefícios para todos. “Os diretores, dentro da sua autonomia, sabem melhor do que ninguém o que é que serve cada uma das suas turmas”, referiu, acrescentando que as direções das escolas, os conselhos pedagógicos e os conselhos de turma terão como tarefa definir o “número ótimo” de cada turma, tendo em conta o seu projeto pedagógico e observando o número de professores existentes e a dimensão dos estabelecimentos escolares.
O ministro explicou que a ideia não é o Ministério ter de saber “o que é que se está a fazer, em cada momento, em cada detalhe”, mas conhecer qual o projeto idealizado pela escola.