À entrada para a vigésima reunião magna da Corrente Sindical Socialista da CGTP-IN, que decorreu esta sexta-feira, em Aveiro, o Secretário-Geral do PS insurgiu-se contra os “irresponsáveis” e “incompetentes” que estão neste momento a governar Portugal e que, disse, “em vez de resolverem os problemas que temos, estão concentrados no jogo político, na pequena política”.
Repudiando tal tendência, o líder do PS aproveitou para lembrar, em declarações aos jornalistas, que os mais velhos “ganham pouco” em Portugal, advogando ser já “uma obrigação” proceder a um aumento das pensões mais baixas.
Assim, desafiou o PSD a não voltar a faltar ao país e a não faltar em concreto aos reformados, adiantando esperar que o partido que lidera a coligação de direita no executivo vote na especialidade o aumento das pensões.
O Secretário-Geral socialista insistiu na importância de conhecer claramente as intenções do Governo liderado por Luís Montenegro nesta matéria, mesmo num contexto em que, lembrou, o Orçamento do Estado para 2025 não está em risco.
“Aquilo que espero é que o PSD e o Governo rapidamente digam se apoiam ou não a proposta do PS para aumentar as pensões dos nossos reformados”, frisou o líder socialista, fazendo notar, porém, que a viabilização do Orçamento não está em causa, uma vez que “o PS já definiu o seu sentido de voto” e “o assunto está ultrapassado”.
“Nós não vamos fazer nenhuma chantagem com nenhum partido político nem com o Governo”, assegurou Pedro Nuno Santos, manifestando expetativas quanto à recetividade da equipa de Luís Montenegro face às propostas socialistas.
“O que esperamos, obviamente, é que o Governo e o PSD apoiem o aumento das pensões, porque se estavam disponíveis para reduzir o IRC em dois pontos percentuais e, portanto, em perder 600 milhões de euros de receita fiscal, espero bem que tenham menos do que 300 milhões para aumentarmos as pensões dos nossos reformados”, pontualizou, enfatizando ser essencial no momento atual saber quais são as verdadeiras prioridades do executivo e qual a sua disponibilidade para verdadeiramente combater a pobreza na população idosa.
PS comprometido com trabalhadores e pensionistas
Numa intervenção em que começou por destacar a importância “fundamental” do sindicalismo na dinâmica política e social do país, Pedro Nuno Santos reafirmou o compromisso do PS, não só com os mais velhos, que recusou tratar como “clientela eleitoral” à semelhança do que faz o executivo da AD, mas também com os trabalhadores e seus direitos.
Defendeu, deste modo, “o papel crucial dos sindicatos na construção de uma sociedade mais justa e democrática”.
“Este papel é ainda mais determinante no contexto de uma governação da direita que não mostra empatia como os trabalhadores”, vincou, criticando de seguida as recentes declarações do ministro da Presidência do Conselho de Ministros que relacionaram acidentes ferroviários com um alegado consumo de álcool por parte dos maquinistas.
Na alocução em que assumiu estar em choque e indignado pelo desconhecimento e consequente inação do Governo relativamente ao setor ferroviário, Pedro Nuno Santos descreveu a força sindical como “uma barragem contra a extrema-direita” e “contra as desigualdades e as ameaças à coesão social”.
O líder do PS assegurou então que os socialistas continuarão a trabalhar em conjunto com os sindicatos e com as centrais sindicais em favor do “respeito pelos direitos dos trabalhadores, fortalecendo a democracia e promovendo uma sociedade mais solidária e inclusiva”.
“O combate à extrema-direita faz-se com os sindicatos”, precisou o líder do PS, valorizando a capacidade transformadora do movimento sindical que, explicou, “canaliza a revolta existente no seio da classe trabalhadora, que sente que a sua vida não ata nem desata, numa energia transformadora da sociedade e da democracia”.
Neste capítulo, referiu também a prontidão socialista para defender a RTP da “nova tentativa da extrema-direita para a destruir”.
“Não só pelo que a RTP representa no país, mas também pelo que ela faz por Portugal além fronteiras, junto das comunidades portuguesas”, afirmou, criticando a “gestão caótica” do atual Governo de empresas e serviços públicos cruciais, á revelia das forças sindicais.