Só se pode compreender este “rasgar de vestes” do presidente do PSD “Querer colocar em causa a honorabilidade, a isenção e a imparcialidade [de Pedro Adão e Silva] para o desempenho de funções executivas na preparação das comemorações, sob a presidência do general Ramalho Eanes, é um julgamento que não dignifica a política e não prestigia quem as faz”, sublinhou José Luís Carneiro, lembrando que se trata de uma escolha “com um currículo académico de grande categoria, nomeadamente nas políticas públicas”.
“Esta tomada de posições públicas não se adequa, aliás, à imagem que [o dr. Rui Rio] foi construindo sobre a sua personalidade”, acrescentou o ‘número dois’ da direção do PS, referindo que as palavras do líder do PSD só se podem compreender num contexto de desorientação interna, “para, eventualmente, tapar aquilo que se passa dentro do seu próprio partido”.
Em 27 de maio deste ano, recorde-se, o Governo aprovou em Conselho de Ministros a realização das Comemorações do 50º Aniversário da Revolução do 25 de Abril, nomeando o professor universitário Pedro Adão e Silva como Comissário Executivo responsável pela elaboração do programa oficial das comemorações, bem como pela sua concretização.
As comemorações e respetivo programa vão celebrar o arco democrático compreendido entre o dia 24 de março de 2022, quando o tempo em democracia supera o do Estado Novo, os 50 anos do 25 de Abril de 1974, e a aprovação da Constituição, assim como as primeiras eleições legislativas, presidenciais e autárquicas, que cumprem também 50 anos em 2026.
No programa ‘Casa Comum’, da Rádio Renascença, José Luís Carneiro desconstruiu também uma perceção que tem sido difundida sobre a coordenação executiva das comemorações, lembrando que o comissário indigitado irá suspender as suas funções profissionais, enquanto professor auxiliar no ISCTE, sendo-lhe atribuída uma remuneração de missão que é “equivalente” ao que recebe na universidade onde leciona.
“Parece-me adequado que alguém que aceita um desafio para assumir uma missão de serviço público tenha uma remuneração equivalente à que tinha na sua respetiva instituição, e que, tendo funções executivas, vá ter uma equipa para preparar todo o plano de comemorações, com os meios indispensáveis para que as comemorações se façam com a dignidade e o prestígio que foi conferida pelas mais altas instâncias do Estado”, completou.