Cofres cheios e portugueses de bolsos vazios
Durante a visita que realizou a uma exploração agrícola no concelho de Beja, no Alentejo, António Costa disse aos jornalistas que “o primeiro-ministro está cheio de autossatisfação”, mas “não é esse contentamento que os portugueses têm perante a realidade do país”.
O líder do PS reagia deste modo às declarações do presidente do PSD e primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, a propósito das infelizes declarações da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, sobre a alegada prosperidade súbita dos cofres do Estado português.
Alertando que “ninguém pode ser indiferente à situação em que estamos”, o secretário-geral socialista apontou para um sem-fim de décadas perdidas em matéria de riqueza produzida, emprego, investimento e emigração, para de seguida voltar a sublinhar que “ninguém pode estar satisfeito com esta situação”.
E manifestou-se de seguida “preocupado” pelo facto de o “primeiro-ministro não perceber a realidade em que estamos”, lamentando ainda que “em vez de querer alterar esta política”, continue a defendê-la e a insistir em lhe dar continuidade.
Frisando ser um “erro” prosseguir com uma estratégia centrada na austeridade, António Costa advogou a necessidade de uma mudança “para podermos recuperar este tempo que temos estado a perder” e “agir de forma a relançar a nossa economia”.
Para entrarmos num processo de recuperação e não “neste processo de estagnação em que estamos com uma carga fiscal brutal, o investimento a cair, o emprego sem se desenvolver e com a riqueza dez anos atrás do que aquela que deveria estar” é urgente mudar”, sustentou, para depois concluir que Portugal está evidentemente muito pior hoje que há quatro anos.