“A classe média é quem assegura a existência da democracia. É quando a classe média se sente abandonada, desamparada, insegura, que nós temos o terreno fértil para os radicalismos se desenvolverem, para o populismo crescer e para a extrema-direita se tornar uma ameaça”, afirmou o líder socialista e primeiro-ministro, no encerramento da cimeira dos socialistas europeus, que decorreu em paralelo ao Fórum Social do Porto.
No seu discurso, António Costa sustentou que, na Europa, não se pode “olhar só para os mais frágeis, só para aqueles que estão numa situação de pobreza”, reiterando que é necessária uma visão mais abrangente para “proteger a liberdade e democracia” europeias.
“Se nós queremos defender a nossa democracia, a nossa liberdade, se nós queremos mesmo combater a extrema-direita, nós temos de dar oportunidades à classe média e garantir às novas gerações que vão ter uma vida melhor do que os seus pais”, reforçou o líder do PS, considerando que é essa “esperança e sentido de futuro” que é preciso garantir.
“Sabemos que é uma grande caminhada, mas, há 200 anos, quando o movimento socialista surgiu, estávamos muito mais longe do que estamos hoje”, frisou.
Na sua intervenção, que dedicou em grande parte à resposta da União Europeia durante a pandemia, António Costa voltou a referir que uma das lições que se deve retirar desse período é que é necessário “um mecanismo permanente de estabilização de crises”.
“Felizmente, as crises não são permanentes, mas nós sabemos que, infelizmente, as crises são recorrentes. E, de cada vez que surge uma crise, não temos de estar a reunir horas infindáveis o Conselho [da União Europeia] para procurarmos encontrar uma solução em comum”, sustentou.
António Costa concluiu o seu discurso referindo uma citação do ex-Presidente francês François Mitterrand, “o socialismo é a ideia mais jovem”.
“Passaram muitos anos, mas o socialismo continua a ser uma ideia muito jovem e, por isso, temos uma longa vida à nossa frente”, afirmou.
Portugal é exemplo europeu de que “os socialistas cumprem”
Intervindo também nos trabalhos da cimeira socialista, o comissário europeu do Emprego e Direitos sociais, Nicolas Schmit, elogiou a governação do primeiro-ministro português, considerando que os países europeus devem começar a analisar o “modelo ibérico”.
“Caro António, acho que mostraste que há uma alternativa socialista que funciona, porque a austeridade não funcionou, o neoliberalismo não funcionou. O que eles produziram foi muitas pessoas no desemprego, na pobreza”, declarou.
Num painel intitulado ‘Os socialistas cumprem!’, o também dirigente do Partido Socialista dos Trabalhadores do Luxemburgo defendeu que António Costa “mostrou que as políticas democráticas sociais, a solidariedade e a inovação social não são produtos de sonho, mas políticas concretas feitas por socialistas e sociais-democratas”.
“As políticas sociais que estão a ser desenvolvidas, com sucesso, em Portugal e Espanha, mostram que se pode ter uma economia forte, inovadora, baseada na solidariedade e, ao mesmo tempo, políticas sociais que tentam não deixar ninguém para trás”, referiu.