Numa reação aos indicadores divulgados, a ministra da Coesão Territorial considera que a situação “é preocupante” e reflete um problema que “não é de hoje, mas de décadas, e não é exclusivo de Portugal”.
“Perdemos população, o que é preocupante, não só no interior mas em todo o país, e só ganhamos população em duas zonas. Para recuperarmos a economia do país, e com o investimento que planeamos fazer, grande parte desse investimento tem de ser feito por pessoas que não temos”, afirmou a ministra.
Falando no final da sessão evocativa da 50ª empresa incubada no Habitat de Inovação Empresarial nos Setores Estratégicos (HIESE) de Penela, no distrito de Coimbra, Ana Abrunhosa sublinhou que “esta perda de população não pode nem deve significar que os territórios do interior fiquem desertos”.
A diminuição da população no interior é um fenómeno que se regista “há várias décadas”, mas que pode ser contrariado com a “ciência e tecnologia”. No entanto, a ministra é realista e entende que “mesmo com políticas ativas para a natalidade e de atração de imigrantes, muito dificilmente nos territórios do interior se voltará a recuperar população de há 100 anos”.
“A perda de população não pode significar desertificação e o facto de hoje termos ciência e tecnologia também significa que podemos, com menos pessoas, continuar a ocupar estes territórios”, salientou, acrescentando que “uma coisa é certa: nos territórios do interior vamos conseguir estancar a perda de população e não permitir que estes territórios fiquem desertificados”.
O combate à desertificação, sendo um problema nacional e europeu, “exige soluções coletivas, não só do Governo, das autarquias, mas também da sociedade civil”, disse a governante.
Aumentar a população imigrante
A ministra da Coesão Territorial considera que Portugal precisa de desenvolver uma política de imigração muito ativa que permita captar mão-de-obra para concretizar os grandes investimentos previstos pelo Governo.
“Estando nós num período especial de investimento, vamos precisar de muita mão de obra, de muitos trabalhadores, e acredito que isso só se consegue com uma política muito ativa de atração de imigrantes e tratando-os bem”, defendeu Ana Abrunhosa.
De acordo com os dados preliminares dos CENSOS 2021, divulgados pelo INE, Portugal tem atualmente 10.347.892 residentes, ou seja, menos 214.286 do que em 2011.