Carlos César pede posição construtiva a todos os partidos
O presidente do Partido Socialista, Carlos César, defendeu hoje que o Covid-19 “é um vírus que se alimenta da globalização e da negligência, num cocktail imparável, e impõe-se quer na perspetiva da contenção quer na perspetiva da mitigação, em que entraremos necessariamente, que se aja com competência, com uma coordenação efetiva e clara ao nível das instituições europeias”. O dirigente do PS apelou a que todos os partidos políticos tenham uma “posição permanentemente construtiva” nesta questão.
Durante o programa semanal da rádio TSF ‘Almoços Grátis’, Carlos César admitiu que não gostou de ouvir algumas observações do social-democrata Paulo Mota Pinto, que relacionou “a questão do coronavírus com eventuais deteriorações na área económica e indicadores de crescimento”. “Não me pareceu oportuna essa intervenção”, disse.
“Não faltará o tempo para que existam críticas, mas, por enquanto, todos têm que “estar concentrados nesta matéria” numa altura de emergência nacional, defendeu o socialista, que acrescentou que “a palavra deve ser dada a quem tem propostas para fazer”.
Relativamente ao eventual fecho das escolas em todo o país, Carlos César garantiu que a posição do Governo “é a mais prudente”. “Tratando-se de uma questão à partida de saúde pública, então a decisão deve ser tomada por técnicos e instituições mais adstritas ao tratamento científico e adequado dessa decisão”, como é o caso do Conselho Nacional de Saúde Pública, referiu.
“Não têm havido posições alarmistas por parte do Governo e dos partidos políticos, mas não são apenas o Governo e os partidos os únicos atores do ponto de vista mediático. Não havendo alarme, é necessário haver uma grande precaução”, afiançou o presidente do PS.
Carlos César alertou depois que é sobretudo importante que, quanto à saúde pública e à economia, “haja uma grande concatenação do ponto de vista da Europa e do ponto de vista do país, porque nós não estamos à margem do mundo, não estamos à margem da Europa, as economias e as sociedades não funcionam à porta fechada”.
Reconhecendo que o Serviço Nacional de Saúde “tem debilidades”, o presidente do Partido Socialista sublinhou a atuação do Executivo para suprir eventuais insuficiências, como por exemplo o anúncio da entrada, ainda esta semana, de mais 81 enfermeiros para a linha SNS24.
Situação demonstra necessidade de excedente orçamental
Carlos César apontou depois que toda esta situação demonstrou “uma das razões pelas quais é bom ter um excedente orçamental”. “Acresce que a nossa economia empresarial em Portugal está mais defendida, também o nosso setor financeiro está mais robusto do que estava aquando da crise internacional”, congratulou-se.
No entanto, “as previsões das instituições internacionais indiciam claramente um caminho de recuo muito sensível nas perspetivas económicas globais”. Carlos César mencionou que “estamos em presença de um percurso perigosamente descendente que evidentemente nos fragilizará e, sobretudo, é certo que será conflituante com as previsões económicas e com os indicadores que animam hoje a política orçamental ou que resultaram da sua aprovação recente”.
O socialista lembrou que os orçamentos retificativos não existem só porque os governos não acertam nas previsões, que “era o que acontecia com o Governo de Pedro Passos Coelho, estava sempre a errar nas previsões”, mas também por “circunstâncias que são mesmo imprevisíveis”.
“Nós poderemos ter necessidade de fazer um Orçamento Retificativo e fá-lo-emos certamente por razões que se justifiquem, se se justificar a alocação de meios financeiros que não são possíveis no atual quadro orçamental para fazer face às dificuldades que aí estão”, admitiu.
Oiça aqui o programa de hoje, em que Carlos César afirmou que “é mais ou menos generalizada a ideia de que as autoridades portuguesas têm tido uma ação globalmente positiva no tratamento desta epidemia”.