Intervindo no âmbito da Academia Socialista, uma iniciativa de formação e reflexão política, que teve o seu início ontem e que termina domingo, no município da Batalha, distrito de Leiria, Carlos César, entre muitas outras reflexões, começou por recordar que, apesar de a prioridade do Governo continuar a ser, “como sempre foi”, o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, em nenhuma circunstância “se pode brincar com o Orçamento”, insistindo na ideia da necessidade de se convocarem as empresas “que mais beneficiam com o aumento da inflação” a ajudarem neste esforço nacional.
Para o dirigente socialista, é decisivo que se estabeleça uma “reavaliação permanente” das funções e dos desequilíbrios que, entretanto, foram ocorrendo, “seja futuramente no caso das pensões”, onde, como garantiu, não houve da parte do Governo do PS “quaisquer truques”, mas sim “os maiores aumentos das últimas duas décadas”, ou ainda, como também referiu, no caso das “despesas permanentes com as famílias”, dando a este propósito o exemplo da fatura da eletricidade.
Quanto ao pacote que esta semana foi anunciado pelo primeiro-ministro, António Costa, de combate à inflação e de ajuda às famílias, que totaliza 2.400 milhões de euros, que somam aos 1.700 milhões de euros que já estão em execução, o presidente do PS foi perentório ao classificá-lo como “ousado no contexto do orçamento português”, notando, contudo, que esta iniciativa “não esgota outras medidas excecionais de apoio que resultarão do Orçamento do Estado para 2023”, sem nunca pôr em causa, como também referiu, a “trajetória de diminuição da dívida pública e o acautelamento de riscos de colapso das finanças públicas nacionais”.
Reconhecendo que numa crise com esta dimensão se torna “muito difícil” responder “por inteiro” a todas as pessoas e a todos os agentes económicos com a mesma eficácia, Carlos César deixou, contudo, a garantia de que o Governo vai continuar a dar “as maiores compensações possíveis”, quer às famílias, quer às empresas, reiterando a necessidade de convocar as empresas que “mais têm beneficiado com este processo inflacionário” para que contribuam também com a sua ajuda para minimizar os sacrifícios “que estão a ser pedidos à maioria esmagadora das empresas e dos portugueses”.
PSD sem ideias novas para o país
Nesta intervenção, perante dezenas de jovens, o presidente do PS voltou a apontar o dedo crítico ao maior partido da oposição, referindo que “tudo aquilo que o PSD hoje nos quer ensinar, já nós conhecíamos do passado”, não constituindo, por isso, como defendeu, “qualquer ensinamento útil”, apelidando o PSD de “caloiro que ainda não estudou o que se está a passar”.
Uma imaturidade política, como também assinalou Carlos César, que está bem patente no anúncio que o PSD fez de um primeiro “pacotinho de medidas”, que rapidamente se “apressou a alterar” e a somar no final da semana passada um conjunto de outras medidas, “para não ficar muito atrás do que foi sabendo que o Governo iria aprovar”, garantindo que o PS “está a fazer o que é necessário e possível nesta fase”.
Vitórias eleitorais dependem da resposta às ambições dos portugueses
Olhando para dentro do partido, o dirigente socialista referiu que o PS para continuar a ganhar eleições não deve nunca “pôr o carro à frente dos bois”, dando a este propósito o exemplo das eleições presidenciais, insistindo que as vitórias eleitorais do PS dependem principal e fundamentalmente do “nosso bom desempenho político” e da forma como consegue “responder e satisfazer as necessidades e as ambições dos portugueses”.
Carlos César sustentou que o caminho para o sucesso eleitoral do PS continua a ser a qualidade do seu trabalho político e o de se manter atento às necessidades e às ambições das pessoas, “melhorando sempre as respostas da administração”, lembrando que, já em 2023, haverá eleições na Madeira e no ano seguinte nos Açores e para o Parlamento Europeu, sendo que, em 2025, serão as eleições autárquicas e, em 2026, as legislativas e presidenciais.
No final da sua intervenção, Carlos César reconheceu que em momentos de crise “é fácil cair na tentação de desmerecer o presente” e de “minimizar o percurso de tudo o que já foi feito em democracia”, responsabilizando-se por norma “os políticos e até o regime democrático”, alertando, contudo, que esta é uma postura que tem de ser combatida, apelando a que todos continuem atentos e a “preservar os valores da democracia, da liberdade, do pluralismo e do exercício livre da atividade política”.