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AR tem a obrigação de não derrotar a esperança dos portugueses com “debate inútil”

AR tem a obrigação de não derrotar a esperança dos portugueses com “debate inútil”

Carlos César defendeu hoje, durante a reunião plenária em que se discutiu e chumbou a moção de censura ao Governo, apresentada pelo CDS-PP, que, depois dos graves incêndios florestais, cabe ao Governo agir e “à oposição cabe fazer com que ele aja e o faça da melhor forma”. “A melhor forma de o fazer teria sido a de, assumindo as nossas responsabilidades coletivas, cada um propor antes de se opor”, criticou. “Depois destes acontecimentos infelizes – e já antes devia ser assim! – temos uma obrigação quase única: a de não derrotarmos a esperança dos portugueses com o debate inútil, com os ataques pessoais e a diatribe continuada”, prosseguiu.
PORTUGAL DOIS ANOS DEPOIS

O líder parlamentar socialista considerou, na intervenção que encerrou o debate pela parte do PS, que a iniciativa do CDS “não foi um bom contributo” para este momento difícil que se vive no país, defendendo que “mais valia que, reconhecendo a impropriedade cívica da iniciativa, trocassem a moção de censura por uma ou mais propostas construtivas”.

“O nosso combate, como explicou o primeiro-ministro, é a resposta imediata ao que sucedeu tomando decisões nas indemnizações aos familiares das vítimas, na cooperação com as autarquias, na reposição das infraestruturas, bens de emergência e serviços essenciais, na recuperação das habitações e das empresas, no apoio ao reinvestimento, na contribuição necessária dos sistemas de saúde e de apoios sociais, e, em especial, nas dimensões reformistas inadiáveis da prevenção e combate aos fogos, da Proteção Civil e do aprofundamento e execução da reforma da agricultura e das florestas”, sublinhou o presidente da bancada do PS.

Carlos César não isentou de culpas os Governos do país, também os anteriores, nem a atuação da Proteção Civil; no entanto, deixou um apelo: “Tudo deve ser feito para se reerguer a confiança entre os que foram atingidos pela severidade da catástrofe, que devassou tantas regiões do país, que deixou marcas profundas com vítimas mortais e que marcará para sempre a memória de vida de crianças e jovens que viveram momentos aterradores”.

PS critica oportunismo da moção de censura

A vice-presidente da bancada do PS Jamila Madeira afinou pelo mesmo diapasão e sustentou que esta moção de censura “não resolve nenhum destes problemas”, deveria antes “trazer a responsabilidade de todos nos unirmos em momento de guerra para responder, como país, a esse desafio”.

Já o deputado Fernando Rocha Andrade classificou a moção de censura do CDS como “uma estranha discussão”, uma vez que “estão muito pouco em causa opções políticas de um Governo e em que se procura reduzir as questões levantadas por especialistas e pela comissão técnica ao mínimo, apenas às questões de decisões tomadas este ano, o que naturalmente interessa aos seus proponentes, porque isso evita que se discutam decisões estruturais tomadas em anos anteriores”.

Ana Catarina Mendes, por seu turno, assegurou que “há uma coisa que a bancada do Partido Socialista não deixa passar em claro: não há nenhum deputado, nenhuma pessoa nesta sala que esteja mais consternada do que outras com a infelicidade e a tragédia que aconteceu este ano”. “Por isso, por respeito ao sofrimento daqueles que perderam os seus entes queridos, por respeito a quem perdeu o seu posto de trabalho, a quem perdeu o seu sustento, a quem perdeu o trabalho de uma vida, não há aqui um concurso de emoções, há responsabilidade”, garantiu a dirigente socialista, dirigindo-se às bancadas da direita.

A vice-presidente da bancada socialista criticou ainda a presidente do CDS, Assunção Cristas, por tão depressa concordar “com as conclusões do relatório apresentado a propósito de Pedrógão, como tão depressa apresentar uma moção, apesar de essas conclusões estarem já vertidas nos documentos do Conselho de Ministros do último sábado”.

“O Partido Socialista condena o oportunismo político desta moção de censura”, sintetizou João Paulo Correia.