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Caminhar para uma sociedade mais inclusiva e igualitária

Caminhar para uma sociedade mais inclusiva e igualitária

Uma sociedade que pretenda ser mais “inclusiva e igualitária” tem de saber promover “maiores equilíbrios” entre a vida pessoal, familiar e profissional, defendeu o primeiro-ministro, ontem na apresentação do programa ‘3 em Linha’.

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Caminhar para uma sociedade mais inclusiva e igualitária

Para António Costa, que ontem em Lisboa apresentou o programa ‘3 em Linha’, iniciativa governamental que visa criar condições para que dentro da próxima década haja efetivamente um maior equilíbrio de oportunidades e de direitos entre homens e mulheres, já não restam dúvidas de que ou a sociedade portuguesa consegue “conciliar as diferentes dimensões da vida”, pessoal, familiar e profissional, permitindo a realização de escolhas livres em todas as esferas do dia a dia, “ou a nossa vida coletiva fica incompleta”.

Contudo, para o primeiro-ministro é a dimensão pessoal aquela que deve assumir um carácter de maior relevância, defendendo que esta é a área onde cada homem ou mulher “decide a sua própria realização pessoal”, que, obviamente, como também referiu, não deve estar dissociada das outras dimensões, a familiar e a profissional, salientando que a realização profissional através do trabalho “é essencial” também para as empresas, porque “só com trabalhadores motivados há melhorias na produtividade e estabilidade na vida familiar”.

Segundo António Costa, “não vale a pena fingir” que tentar conciliar um maior equilíbrio entre a vida profissional, pessoal e familiar é uma matéria que se coloca de igual modo para homens ou mulheres, lembrando que esta é uma equação que só poderá ser resolvida com um “esforço coletivo muito grande”, já que se trata de uma realidade que “tem a ver com toda a sociedade”.

Apesar do caminho que ainda falta percorrer, como reconheceu, há hoje, contudo, substanciais diferenças em relação à realidade que existia anteriormente entre os direitos de homens e mulheres, diferenças que foram sendo atenuadas e que para o primeiro-ministro é um assunto que tem de continuar a estar em cima da mesa para ser enfrentado pelas próximas gerações.

Responder ao desafio demográfico

Quanto ao desafio demográfico, António Costa lembrou tratar-se de uma matéria que hoje assume um grau de elevada gravidade em Portugal, sendo que, em sua opinião, parte substancial do problema deverá ser ultrapassado quando se conseguir alcançar um padrão mais elevado na conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional.

O líder do Executivo sustentou que enquanto esta equação não for resolvida, só muito dificilmente o país poderá inverter o presente cenário onde predomina uma reduzida taxa de natalidade, o que não impede, como acrescentou, que não “continuemos a combater a precariedade, a melhorar os salários e a tornar a vida laboral mais atrativa”.

Um dos caminhos, porventura, que também poderão ajudar a que se encontrem mais rapidamente as soluções para uma conciliação sustentada, aludiu ainda o líder do Governo socialista, é a “transição para a sociedade digital” que na sua perspetiva “vai facilitar e tomar mais necessária esta conciliação”, tornando também necessário, de futuro, “reinventar os tempos de trabalho, quer ao longo da vida, quer no dia a dia”.

Mas para que o objetivo de uma sociedade mais igualitária possa ser alcançado, defendeu, é preciso que, no “futuro imediato”, o Estado não só “dê o exemplo, como seja ele próprio a fonte de motivação”, quer das empresas, quer da própria sociedade em geral, havendo ainda, segundo António Costa, “imensas alterações que a sociedade tem de fazer para que essa conciliação seja possível”.

O primeiro-ministro teve ainda ocasião para lembrar que uma sociedade mais inclusiva e mais igual também só será possível de alcançar se os parceiros sociais conseguirem eles próprios mobilizar-se para tratar esta matéria na contratação coletiva, do mesmo modo que é também necessário que os serviços públicos assumam que a sua intervenção é estratégica, devendo para isso encontrar o fio condutor de organização adequada nesse sentido.

Isto não implica, como também aludiu, que a sociedade política não deva igualmente organizar-se melhor para responder a esta necessidade, pois não basta, como salientou o primeiro-ministro, “estabelecer níveis de participação mínima e de igualdade de género nas listas de candidatos se a organização do dia a dia dos órgãos políticos continuar a ser a que é”.