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BREXIT – Lado B? II

BREXIT – Lado B? II

A decisão maioritária do povo britânico em deixar o projeto europeu foi um momento triste, que resultou da acumulação de erros do Governo Britânico e da União Europeia. Os erros cometidos e sobretudo a incapacidade de compreender os anseios das populações e lhe dar respostas convincentes, devem servir de lição e não serem repetidos.

Opinião de:

BREXIT - Lado B? II

Nove meses após a decisão tomada em referendo o Reino unido aplicou o artigo 50 do Tratado de Lisboa, e pediu a sua desvinculação, dando inicio a um período de negociações que se prevê longo e difícil. 

Embora as negociações envolvam todas as instituições europeias, caberá ao Parlamento Europeu a decisão final sobre o acordo. Foi por isso um sinal de grande importância a aprovação, dia 5 de abril, de uma resolução conjunta que envolveu cinco grupos políticos (S&D, PPE, ALDE, Greens/EFA e EUL/NGL) só deixando de fora os conservadores britânicos maioritários no ECR e a direita populista do EFDD (Onde se acoita o UKIP de Farage) e da ENF (que inclui a Frente Nacional de Marine Le Pen). 

A declaração aprovada no Parlamento Europeu com uma clara maioria de 516 votos a favor e 133 contra (50 abstenções) evidencia que a UE não quer exercer qualquer processo de vingança contra a escolha democrática dos Britânicos, mas que não prescindirá de defender os seus valores e de dar uma prioridade máxima aos interesses dos seus cidadãos no processo de negociação.

 Neste sentido, não será aceitável qualquer acordo de livre circulação de capitais, bens ou serviços que não inclua também a livre circulação de pessoas, fazendo das “quatro liberdades” uma linha vermelha da negociação. 

A minha convicção profunda é que as negociações que agora se iniciam com o Reino Unido serão um teste crítico á robustez da UE. Neste processo pode prevalecer um lado A, em que os egoísmos nacionais acabem por conduzir à fragmentação negocial e ao enfraquecimento tendencialmente irreversível do projeto europeu, mas também pode prevalecer o lado B, em que uma UE unida se fortaleça, e quem sabe, possa construir mesmo as condições de atratividade que levem à reversão da vontade do povo britânico em futuro referendo.

Sabemos como tudo isto começou mas não sabemos como vai acabar. Vale a pena trabalharmos para que acabe bem. O lado B é só o outro lado do desânimo e da inércia.