“Com a liderança do PSD de Luís Montenegro, há três coisas que sabemos: primeiro, há uma enorme tentação de branquear o passado; segundo, há uma enorme tentação de normalizar a extrema-direita; e a terceira é de que o recurso a manobras de diversão para afastar a atenção daquilo que é importante não terá limites”, asseverou o também Secretário-Geral Adjunto do Partido Socialista num pedido de esclarecimento a António Costa no primeiro dia de discussão na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2023.
João Torres considerou “notável” perceber que o “’bota-abaixismo’ da oposição chegou a um ponto tal em que o que é impossível ao PSD é disfarçar a sua infelicidade com as vitórias para o país, a sua infelicidade para com as boas notícias para os portugueses”.
Dirigindo-se ao primeiro-ministro, questionou se já tinha reparado “nos contorcionismos que o PSD faz quando o Governo paga uma meia-pensão adicional aos pensionistas”, ou “quando se inicia uma transferência importante para os trabalhadores com salários até 2.700 euros”, algo que merece a “estupefação do Partido Socialista”.
“Continuam a insistir, depois de um ligeiro interregno, na lógica do rolo compressor”, uma invenção que João Torres comparou à que foi “criada no passado fim-de-semana a propósito do corredor verde europeu”.
O vice-presidente da bancada socialista mencionou depois a tentativa do PSD em fazer crer que há um “empobrecimento do país”. “O senhor primeiro-ministro já desmontou bem essa narrativa do empobrecimento com os governos do Partido Socialista”, vincou.
João Torres deu uma novidade à direita, que, “felizmente”, não é novidade para a generalidade dos portugueses: “Houve um primeiro-ministro em democracia que deixou o país mais pobre do que quando o encontrou, e esse primeiro-ministro foi Pedro Passos Coelho”.
“É absolutamente inaceitável a forma como a direita é incapaz de concordar com o Governo”, observou o dirigente socialista, que destacou que “o PSD, em particular ao longo das últimas semanas, tem fugido do debate concreto do Orçamento do Estado como o diabo foge da cruz”.
“São incapazes de dizer algo de positivo que seja sobre a atualização do indexante dos apoios sociais, sobre a valorização do salário mínimo nacional, são até incapazes de dizer qualquer coisa construtiva sobre a capacidade que o senhor primeiro-ministro revelou, e o seu Governo também – e que aqui quero reconhecer e elogiar – de fazer dois acordos de maior relevância para o nosso país, acordos esses que significam melhorias concretas na vida dos trabalhadores e melhores condições de competitividade e inovação empresarial”, salientou João Torres, referindo-se ao acordo com os parceiros de concertação social e ao acordo com os sindicatos da administração pública para o aumento dos salários e valorização das carreiras.
Utilizando uma gíria futebolística, o Secretário-Geral Adjunto do PS assegurou que, “com os acordos que assinou em conjugação com este Orçamento do Estado, o senhor primeiro-ministro marcou um ‘hat-trick’ em favor de Portugal”.
No final da sua intervenção, João Torres garantiu que “num momento de dificuldades do ponto de vista económico e social à escala europeia e à escala mundial, era suposto que, com as normais diferenças que fazem parte saudavelmente da democracia, pudéssemos todos jogar na mesma equipa face a um adversário comum que é a guerra e a inflação. E não é isso que está a acontecer”.
O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS apontou ainda que “a esquerda à esquerda do Partido Socialista ainda não se encontrou depois do erro que cometeu há sensivelmente um ano”, quando chumbou a proposta de Orçamento do Estado para 2022 na generalidade.