Arte em São Bento mostra que a cultura “não pode parar”
O primeiro-ministro considera que a atividade cultural “tem de continuar, não pode parar, apesar das circunstâncias”, devendo adaptar-se ao novo contexto de modo a superar os constrangimentos causados pela Covid-19. Nesse sentido, o chefe do governo propõe que seja criada uma rede de municípios vocacionada para a arte contemporânea.
As declarações do chefe do Governo foram proferidas esta segunda-feira, após ter inaugurado a exposição de obras de arte contemporânea de artistas portugueses da coleção Figueiredo Ribeiro, no âmbito da iniciativa ‘Arte em São Bento’. As obras, que têm estado depositadas no município de Abrantes, vão estar patentes por um ano na residência oficial do primeiro-ministro.
A residência oficial do primeiro-ministro “é uma casa que pertence aos portugueses”, disse António Costa durante a sessão que contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, e da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, ex-autarca neste concelho do distrito de Santarém.
Referindo-se às medidas de segurança e prevenção adotadas na sessão inaugural, António Costa esclareceu que “não podemos fazer a inauguração com as portas abertas ao público, tivemos de fazê-la de forma mais contida, com grupos mais pequenos. Mas, como em tudo o resto na vida, não podemos parar, temos de continuar, embora adaptados a esta realidade que temos de enfrentar”, reforçou.
“Quisemos assinalar assim o Dia da República, o 5 de Outubro, representando o Portugal de hoje. E o Portugal de hoje é o país que, em grande medida, os artistas desenham e expressam na cultura contemporânea do nosso país”, disse o líder do Governo socialista.
António Costa salientou que a iniciativa ‘Arte em São Bento’ tem como um dos objetivos promover a arte que existe fora de Lisboa e, também, incentivar o colecionismo cultural no país.
“Por um lado, queremos transmitir uma mensagem de apreço pelo esforço que os colecionadores vão fazendo, o seu compromisso com a arte, porque a arte precisa também de quem invista e de quem a valorize. Por outro lado, procuramos fora de Lisboa, porque há muito mais país para além de Lisboa e há muitas coleções cuja existência é desconhecida para muitas pessoas”, esclareceu.
O primeiro-ministro elogiou o investimento que tem sido realizado por muitas autarquias “na aposta no trabalho cultural”, recordando que “o Governo tem, aliás, apelado a que os municípios possam constituir uma verdadeira rede de centros de arte contemporânea. É fundamental estabelecer-se essa rede”, disse.
A exposição, patente desde ontem no palácio de São Bento, conta com uma seleção de obras de 40 artistas portugueses provenientes da Coleção Figueiredo Ribeiro, entre os quais, Fernanda Fragateiro, André Cepeda, António Olaio, Nuno Cera, Adriana Molder, Ana Jotta, Bruno Cidra, Carlos Bunga, Diogo Evangelista, Edgar Martins, Fernando Calhau, Francisca Carvalho, João Pedro Vale, João Tabarra, Patrícia Garrido, Jorge Pinheiro, Miguel Palma, Pedro Barateiro, Rui Chafes e Sara Bichão.
A Coleção Figueiredo Ribeiro, que cobre um período de 50 anos da produção artística portuguesa contemporânea, é constituída por um acervo de 1400 peças e tem estado acessível ao público, desde 2016, no Quartel da Arte Contemporânea, em Abrantes.
O chefe do governo anunciou ainda que a próxima edição da iniciativa, a 5 de outubro do próximo ano, irá mostrar a exposição da coleção ‘AA’, de Ana e António Albertino, tendo como curador Delfim Sardo.
Recorde-se que a iniciativa ‘Arte em São Bento’ foi criada em 2017, pelo primeiro-ministro, com o objetivo de “afirmar a vitalidade da produção artística nacional e o seu contributo para projetar a imagem de um país inovador e contemporâneo”. Nas edições anteriores, acolheu a coleção de Serralves (2017), a coleção António Cachola/Museu de Arte Contemporânea de Elvas (2018) e a coleção Norlinda e José Lima (2019), de São João da Madeira.