Apreciações externas não podem ignorar medidas de estímulo à economia
Segundo sublinhou João Galamba, “dizer-se que as nossas previsões são otimistas é uma apreciação sem qualquer fundamento”.
O porta-voz do PS reagia ao facto de a Fitch ter considerado que o esboço de plano orçamental português para 2016 se baseia em estimativas de crescimento económico, de redução de despesa e de aumento de receita que se podem revelar irrealistas.
“Aceitamos todas as críticas e estamos disponíveis para ter um debate com quem tem dúvidas sobre o Orçamento. Mas quando se comparam as previsões de crescimento que constam do esboço de Orçamento para 2016, de 2,1%, com as previsões das instituições internacionais, estamos a comparar alhos com bugalhos”, disse João Galamba.
O membro do Secretariado Nacional do PS referiu que as previsões disponíveis efetuadas por instituições internacionais para a economia portuguesa são feitas “num cenário de políticas invariantes”.
Ou seja, explicou, “se não se fizer nada, a economia portuguesa cresce naturalmente em 2016 entre 1,5 ou 1,7%, consoante a instituição. Ora, o Governo parte precisamente desse cenário de políticas invariantes e depois calcula o impacto que as suas medidas têm sobre esse mesmo cenário base”.
Precisamente por esta razão, acrescentou, “é inevitável que o Orçamento para 2016 apresente previsões de crescimento mais otimistas do que todas as existentes”.
Para o porta-voz do PS, na estimativa de crescimento para este ano “tem de ser levada em conta a estratégia e as medidas que constam no Orçamento”.
“O que estamos a dizer é que o aumento do salário mínimo, a reposição salarial na administração pública, o aumento dos mínimos sociais, a aceleração da execução de fundos europeus, assim como outras medidas, têm no seu conjunto um efeito de aceleração do PIB (Produto Interno Bruto) de 1,7 para 2,1 por cento em termos de crescimento. Não podemos comparar diretamente estimativas de 1,7 por cento e de 2,1 por cento porque partem de realidades distintas”, justificou.
João Galamba sustentou ainda que, até agora, nenhuma instituição internacional fez uma previsão tendo em conta o efeito das políticas de estímulo à economia propostas pelo executivo do PS.
Confrontado com o aviso da Fitch de que poderá descer o ‘rating’ de Portugal caso o Governo falhe a meta de défice de 2,6 por cento este ano, João Galamba reiterou a tese segundo a qual as agências de ‘rating’ devem “perceber que não podem comparar alhos com bugalhos”.
“Espero que na análise que façam do ‘rating’ português concluam que só se pode comparar um cenário com políticas com uma avaliação que inclua essas mesmas políticas. Se a Fitch, ou qualquer outra instituição, decidir analisar as medidas que constam do Orçamento para 2016 e aí então concluir que o Governo está a ser otimista, nesse caso poderemos ter diferenças de posição. Até lá, estamos apenas a comparar realidades distintas”, insistiu o membro do Secretariado Nacional do PS.