«Apostar na criação de riqueza a partir de economia hipocarbónica e circular»
O Ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, afirmou que a Europa e Portugal têm de «apostar na geração de bem-estar e na criação de riqueza a partir de um modelo de economia hipocarbónica e circular».
Durante a intervenção inicial na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas da Assembleia da República, o Ministro acrescentou que este modelo permitirá valorizar o capital natural da Europa, «tirando partido da sua vanguarda científica e tecnológica e de uma sociedade, livre, esclarecida e exigente».
O Ministro reiterou que Portugal vai ser neutro em carbono em 2050 e referiu que este «é o caminho necessário para que Portugal possa caber nos limites do planeta». «Mas é um projeto de desenvolvimento fascinante que nos vai obrigar a investimentos significativos, por um lado, e a poupanças de mais de mil milhões de euros por ano em petróleo, por outro», acrescentou.
Matos Fernandes declarou que a próxima década será a mais exigente rumo à neutralidade carbónica: «Para reduzirmos em 50% as nossas emissões e gerarmos a partir de fontes renováveis 80% da eletricidade que consumimos, um terço da mobilidade terá de ser elétrica».
«Todos os setores da sociedade e economia têm de participar neste esforço. Ninguém se pode escudar na menor dimensão do seu setor para evitar falar e agir em termos de matérias de emissões», disse.
Evolução das fontes renováveis
O Ministro do Ambiente e da Transição Energética assumiu que o setor electroprodutor será aquele em que se produzirão as mudanças mais rápidas e afirmou que, com o setor privado a liderar os investimentos necessários e significativos, «o mix energético passará a ser dependente de fontes renováveis».
Neste capítulo, o Ministro sublinhou que «o peso da água será tendencialmente menor, pois não só o potencial hidroelétrico está bastante explorado como a água terá utilizações mais prioritárias do que a produção de eletricidade».
Matos Fernandes recordou também que «todos os cenários futuros apontam para uma redução da precipitação na Península Ibérica». «Não vale a pena apostar na construção de mais barragens quando há redução de água, devendo estas serem mesmo avaliadas caso a caso», salientou.
O Ministro destacou que «o vasto potencial do território nacional para a produção de energia elétrica a partir do sol passará a ser explorado com muito mais intensidade» e referiu que esta mudança começará já a partir de junho de 2019 com o lançamento do primeiro leilão para a produção solar.
«É possível, e desejável e urgente, atrair investimento em nova capacidade de solar, adicionando cerca de sete a oito gigawatts ao mix energético nacional até 2030», afirmou.
Matos Fernandes frisou também o objetivo de terminar, progressivamente, com os subsídios à produção de eletricidade a partir do carvão e de outros combustíveis fósseis que custam cerca de 400 milhões de euros por ano.
«Este Governo está a terminar com estas isenções que o carvão beneficiava para a produção de eletricidade e as duas centrais a carvão serão encerradas antes de 2030. O seu encerramento depende da rapidez com que avancem as fontes de energia renovável», referiu.