“A transição modal para a ferrovia é um dos instrumentos mais eficazes que temos para reduzir as emissões de gases de efeito de estufa e atingir a neutralidade carbónica em 2050 ou, desejavelmente, antes”, referiu Pedro Nuno Santos. Falando a bordo de um comboio que realizou o percurso entre a estação de Santa Apolónia, em Lisboa, e Porto-Campanhã, o governante salientou a capacidade e potencialidades do transporte ferroviário.
“O transporte ferroviário combina uma eficiência energética imbatível com o facto de estar eletrificado numa maior escala do que qualquer outro modo de transporte. Ao contrário do automóvel, do navio e, sobretudo, do avião, já não existe nenhuma barreira tecnológica à eletrificação total do transporte ferroviário. Toda a tecnologia de que precisamos para isso está disponível há muitas décadas”, defendeu.
Expansão da rede nacional e europeia
O ministro considerou, ainda, como inevitável a expansão da rede ferroviária nacional e europeia com a “construção de centenas de quilómetros de novas linhas em Portugal, milhares de quilómetros em toda a Europa”.
“Se olharmos pelo lado do investimento necessário, então estamos a falar de objetivo muito ambiciosos. Em Portugal, como um pouco por toda a Europa, a rede ferroviária tem diversos pontos de estrangulamento que limitam a sua capacidade. Por mais que se modernize, há um limite físico ao número de comboios que lá podem passar. É por isso que é claro, para mim, que a realização destes objetivos implicará a construção de centenas de quilómetros de novas linhas em Portugal, milhares de quilómetros em toda a Europa”, declarou.
Pedro Nuno Santos adiantou, a este propósito, que “triplicar o transporte de passageiros em alta velocidade de 2015 a 2050 corresponde a um crescimento anual de 3%”. “Recordemos que o transporte aéreo cresceu a uma média de 4% ao ano entre 2011 e 2019 na Europa. O mesmo se passa nas mercadorias. Duplicar os volumes de tráfego até 2050 é equivalente a um crescimento anual de 2%. Isto será facilmente ultrapassado pelo crescimento dos volumes num cenário de crescimento económico moderado”, especificou o governante socialista.
O ministro defendeu, deste modo, a realização de um forte investimento público na rede ferroviária europeia, onde os Planos de Recuperação e Resiliência nacionais constituem “uma oportunidade para iniciar um novo ciclo de investimento que nos coloque novamente numa trajetória de progresso e que vá para lá da recuperação pós-pandemia”.
Referindo o exemplo de uma pessoa que viva a 30 km do seu local de trabalho e num sítio sem boa oferta de transportes públicos, muitas vezes não o fazer por escolha, mas por necessidade, Pedro Nuno Santos considera que “o transporte ferroviário tem outro papel muito importante — contribuir para que a transição climática seja socialmente justa e equilibrada, e contribuir para dar às pessoas mais opções e não menos”.