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António Vitorino afirma que os tempos “não estão para aventureirismos”

António Vitorino afirma que os tempos “não estão para aventureirismos”

António Vitorino dirigiu-se hoje aos sociais-democratas “descontentes” com o actual PSD, dizendo que esses, que partilham com o PS o ideal reformista, não podem deixar de ficar chocados com o dogma do privado.

Falando no comício do PS de Setúbal, o ex-comissário europeu começou por referir que, depois de Pedro Passos Coelho ter feito um apelo ao eleitorado socialista no domingo, “por certo ele, agora, não levará a mal que também do PS saia um apelo especial aos sociais-democratas desiludidos com este PSD”.
“Àqueles que acreditaram numa social-democracia à portuguesa, como dizia Sá Carneiro, de certo não podem deixar de ver com desencanto o programa de radicalismo neoliberal desta liderança do PSD. Dirigimo-nos àqueles muitos que contribuíram para a construção de um Estado social após o 25 de abril, esses que não podem deixar de ficar chocados com o dogma deste novo PSD, em que tudo o que é privado é bom, tudo o que é público só pode ser mau”, disse, recebendo palmas.
António Vitorino dirigiu-se ainda aos sociais-democratas que estiveram com o PS no Governo do Bloco Central (1983/1985) “para salvar o país da bancarrota e que, decerto, não podem deixar de se sentir embaraçados quando até já o CDS de Paulo Portas se afirma como estando à esquerda do PSD nas políticas sociais”.
“A esses sociais-democratas que partilham connosco a via reformista – e que sabem que a cartilha neoliberal não passa de uma fuga para a frente – dizemos-lhes claramente que só um Governo liderado pelo PS será solução para enfrentar a crise na construção de plataformas de entendimento, porque é dessa convergência nacional que o país precisa para ultrapassar a crise”, sustentou.
Na sua intervenção, o ex-comissário europeu visou indirectamente Pedro Passos Coelho, dizendo que os tempos “não estão para aventureirismos, nem para colocarmos o país nas mãos de um inexperiente”.
Nas forças de direita, segundo Vitorino, “quando cheira a poder aparecem todos juntos, mas rapidamente voltam a tornar-se no saco de gatos que eles são”.
“A escolha é simples nestas eleições: ou um Governo liderado pelo PS ou um Governo liderado pelo PSD”, acrescentou.