António José Seguro em Berlim insiste que Portugal necessita de mais tempo e juros mais …
António José Seguro, Secretário-Geral do Partido Socialista, iniciou hoje, em Berlim, um conjunto de reuniões com responsáveis do SPD (Partido Social-Democrata da Alemanha), para continuar a defender, junto dos principais líderes europeus, propostas sobre o papel da Europa que ajudem a combater a atual crise.
Na reunião desta tarde com Sigmar Gabriel, Líder do SPD, António José Seguro reafirmou que Portugal precisa de mais tempo para proceder a uma boa consolidação das contas públicas e defendeu a necessidade de taxas de juro mais favoráveis para financiar a economia.
“O nosso país quer cumprir com os nossos compromissos e reduzir a dívida pública para níveis sustentáveis, mas para que isso aconteça Portugal necessita de mais tempo para consolidar as contas públicas e taxas de juro mais baixas do que as praticadas atualmente”.
Para o Líder do PS, “só pode haver consolidação saudável das contas públicas se houver crescimento económico. Consolidar por via da austeridade é um disparate que só agrava o desemprego, aumenta a dívida e empobrece o país”.
“A única solução para a crise passa por um resposta forte de uma Europa solidária, com uma governação política e económica que complemente a política monetária”, disse o Secretário-geral do PS.
Neste que é o primeiro encontro entre líderes dos dois partidos nos últimos anos, António José Seguro sublinhou: “Queremos mais e melhor Europa, que responda às ambições das pessoas e não ao egoísmo dos Estados”.
Na véspera de um importante Conselho Europeu, o líder do PS desloca-se à Alemanha com o mesmo propósito que o levou, há uma semana, a Paris, para uma audiência com François Hollande, Presidente de França: lutar e defender os interesses de Portugal.
“Portugal tem pouca voz na Europa e espero que o Primeiro-ministro defenda, neste Conselho Europeu, os interesses de Portugal. E espero que este Conselho passe das palavras aos actos e que olhe para a realidade do nosso país, porque as pessoas não aguentam mais sacrifícios”, afirmou.
O reforço do papel do BCE nos mercados financeiros, de modo a diminuir a especulação e os custos de financiamento dos Estados, foi um dos assuntos na agenda do encontro com Sigmar Gabriel. Para o PS não faz sentido que o BCE empreste aos bancos, a taxas de juro reduzidas, o mesmo dinheiro que estes emprestam aos Estados com taxas muito superiores.
A criação de project bonds para financiar investimentos de qualidade em áreas como a economia verde, as energias renováveis ou as tecnologias, bem como a mutualização de parte da dívida, com a consequente contrapartida de maior partilha de competências orçamentais, foram outros temas debatidos.
O PS defende também a criação de uma união bancária com um sistema comum de garantia de depósito e um mecanismo de recapitalização, com poderes para intervir sobre os bancos, assim como uma convergência fiscal que ponha fim ao dumping fiscal, introduzindo uma sã concorrência entre empresas e praças financeiras.
O Secretário-Geral do PS reafirmou ainda que, a nível político, defende a eleição direta do Presidente da União Europeia e a criação de um verdadeiro governo económico europeu, que dê prioridade ao crescimento económico e ao emprego.
Na semana passada, nos encontros que teve em França com o Presidente da República Francesa, François Hollande, com o líder do Partido Socialista, Harlem Désir, e com deputados socialistas da Assembleia Nacional, António José Seguro teve oportunidade de verificar que, quando há propostas viáveis para resolver a crise, há apoio por parte dos líderes europeus.
“Portugal pode melhorar muito se conseguir esses apoios e se conseguir que essas propostas – designadamente a redução dos custos de financiamento e mais tempo para consolidar as contas públicas, dando prioridade ao crescimento económico e ao emprego – venham a ser adotadas”, afirmou o Secretário-Geral do PS.
Amanhã, António José Seguro reúne-se com Peer Steinbrück, candidato do SPD a Chanceler, e com Frank-Walter Steinmeier, Líder do Grupo Parlamentar do SPD. Peer Steinbrück foi ministro das finanças alemão e será o adversário direto da chanceler democrata-cristã, Angela Merkel, nas legislativas de 2013.
Steinbrück, 66 anos, tem sido muito crítico quanto ao papel que os bancos têm tido na crise económica e financeira internacional e na actual crise na zona euro, defendendo um controlo eficaz do sistema financeiro internacional pelos poderes políticos.