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António Guterres distinguido em Espanha com o Prémio Europeu Carlos V

António Guterres distinguido em Espanha com o Prémio Europeu Carlos V

Para o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o mundo precisa de mais diplomacia, “arsenais diplomáticos”, como referiu, aconselhando a Europa a reformar-se para poder defender “sem tréguas” todos os direitos e valores fundamentais em que acredita.

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António Guterres, Prémio Europeu Carlos V

Na atribuição do Prémio Europeu Carlos V, que esta manhã o Rei de Espanha, Felipe VI, concedeu a António Guterres, galardão que distingue e reconhece o trabalho e contributo para o engrandecimento dos valores europeus, assim como para o processo de construção e integração europeia, numa cerimónia em que estiveram presentes o Presidente da República e o primeiro-ministro, António Costa, o antigo chefe do Governo e atual secretário-geral da ONU começou a sua intervenção apelando aos países europeus para que nunca deixem de “reafirmar os valores” em que sempre acreditaram, lamentando que a violência esteja hoje tão difundida em “demasiados cantos do planeta”.

Exemplos não faltam, como salientou. Desde o caso da Ucrânia, onde a guerra instigada pela Rússia dura já há mais de um ano, mas também no Sudão e noutros territórios em África, guerras que, segundo António Guterres, trazem consigo as habituais “crises humanitárias”, que quase sempre se prolongam e se desenrolam “longe dos focos mediáticos”, insistindo na tónica da paz que “nunca deve ser subestimada ou se dar por garantida”.

De acordo com António Guterres, para além dos “arsenais diplomáticos” que têm de prevalecer sobre o primado da guerra, o mundo precisa também de olhar com redobrada e urgente atenção para os problemas climáticos, salientando que o “caos climático” que está instalado no planeta “está a pôr em perigo a própria sobrevivência da humanidade”. Apontou, a este propósito, para fenómenos como os incêndios, inundações ou secas, que “obrigam a deslocações de milhões de pessoas” e que estão na origem de “tensões e do aumento dos conflitos”.

Direitos humanos

Mas para que a paz seja sustentável, e não apenas uma palavra vã e de circunstância, defendeu António Guterres, tem de se basear no “respeito e na proteção dos Direitos Humanos na sua globalidade, em torno de valores universais comumente aceites quer pelas Nações Unidas, quer pela União Europeia”. Valores, como lembrou, que foram criados há mais de 80 anos “num dos momentos mais difíceis da humanidade”, na sequência da II Guerra Mundial, que permitiram “retirar milhões de pessoas da pobreza e que forjaram a paz em terras agitadas”.

Mais à frente, o líder das Nações Unidas defendeu ser este o momento de, “uma vez mais”, a humanidade mostrar que está à altura das circunstâncias, apelando à “unidade e à coragem” de todos para que o multilateralismo “seja reinventado” e que a Europa se renove, não deixando de se manter “na vanguarda da defesa dos direitos humanos, sem nunca abandonar ou abdicar da sua identidade”.

Dia da Europa

No dia em que se comemora o Dia da Europa, o secretário-geral da ONU apelou a que esta seja também uma data de reafirmação dos ideais da paz, da justiça, da cooperação internacional e dos direitos humanos, mas também do “diálogo e do respeito mútuo”, deixando para trás o discurso do “ódio, do racismo e da xenofobia”.

Este é o momento, disse ainda, de se exigir “o direito à vida, à liberdade, à segurança, à liberdade de expressão e ao direito a solicitar asilo”.

Com a propagação da pandemia de Covid-19, foi possível evidenciar, ainda segundo António Guterres, as “escandalosas fraturas existentes” no mundo, alimentadas, como referiu, “por um sistema financeiro internacional profundamente injusto para com os países mais pobres que estão asfixiados pela dívida, enquanto os mais ricos puderam investir numa forte recuperação económica”. Uma desigualdade, como mencionou, que tem tudo “para ameaçar a paz” e o muito que ainda falta fazer pela igualdade entre comunidades, cidadãos e géneros.

[Foto: Juan Carlos Rojas]

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