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António Guterres agradece aos portugueses valores de “solidariedade, diálogo e tolerância”

António Guterres agradece aos portugueses valores de “solidariedade, diálogo e tolerância”

“Este é o momento em que desejo expressar a minha profunda gratidão para com o meu país”, afirmou o novo secretário-geral das Nações Unidas, durante uma receção oferecida pelo Presidente da República, salientando que os valores de “solidariedade, diálogo e tolerância” foram ensinamentos que recebeu dos portugueses ao longo da vida.
António Guterres agradece aos portugueses valores de “solidariedade, diálogo e tolerância”

No final de um dia em que prestou juramento perante a Assembleia-geral da ONU, António Guterres fez questão de destacar a unidade dos portugueses e de todos os quadrantes políticos nacionais em torno da sua candidatura, expressando o desejo de ser esse o exemplo de unidade que gostaria de ver na comunidade internacional.

O antigo chefe de Governo português deu como exemplo dessa unidade a presença na cerimónia do seu juramento do primeiro-ministro, António Costa, a quem se referiu como “querido amigo”, e do Presidente da República, o “velho amigo” Marcelo Rebelo de Sousa, classificando-os como “os seus mais entusiasmados apoiantes”.

“O primeiro-ministro e o Presidente da República pertencem a partidos diferentes, mas estão ambos aqui. Mais do que as palavras, a sua linguagem corporal mostra como estão unidos”, destacou.

António Guterres agradeceu ainda o apoio por parte de todos os partidos políticos portugueses e deixou um elogio ao sistema político português, lembrando o exemplo das últimas eleições legislativas e presidenciais.

“Ambos foram eleitos em eleições ferozes e muito disputadas. Mas nessas eleições, nenhuma força política, da esquerda ou direita, usou o medo ou o ódio para ganhar votos”, sublinhou, expressando o seu orgulho de que em Portugal “todos os partidos políticos, de direita ou esquerda, tenham sido sempre capazes de expressar as suas opiniões sem usar como bodes expiatórios” os imigrantes.

“Seria muito fácil para qualquer partido político dizer: vote em nós, porque vamos livrar-nos dos imigrantes e, com base nisso, criar trabalhos para os portugueses (…). Temos visto este tipo de discurso em todo o lado. Tenho muito orgulho de vir de um pais que não usa este tipo de discurso para ganhar votos”, acrescentou.

“São estes valores de solidariedade, diálogo e tolerância, que agradeço muito ao meu povo me ter ensinado e que consegui preservar em todos estes anos que me trouxeram até este dia, aqui, convosco”, concluiu.

Na receção, que decorreu ao final do dia de ontem, na sede das Nações Unidas, estiveram presentes cerca de 800 pessoas, entre as quais os representantes das missões permanentes junto da ONU, o vice-secretário-geral das Nações Unidas, o presidente da Assembleia-geral das Nações Unidas e todos os secretários-gerais adjuntos e assistentes residentes em Nova Iorque.

Trabalhar pela paz e pelo desenvolvimento sustentável

O trabalho pela paz, o apoio ao desenvolvimento sustentável e a reforma da organização, foram as três prioridades estratégicas assumidas por António Guterres para o seu mandato como líder das Nações Unidas, que se iniciará a 1 de janeiro de 2017. 

No discurso proferido na Assembleia-geral da ONU, após ter prestado juramento, Guterres declarou-se “determinado em ser guiado pelos propósitos e princípios” da Carta das Nações Unidas e preparado para se envolver pessoalmente na resolução de conflitos, acentuando, no entanto, a necessidade de se “fazer mais” no campo da prevenção, que disse ser “a melhor forma de salvar vidas e de reduzir o sofrimento humano”.

“Devemos criar um contínuo de paz, desde a prevenção e resolução de conflitos à manutenção de paz, construção de paz e desenvolvimento”, sustentou.