Segundo o chefe do Governo, que falava aos jornalistas portugueses, esta cimeira que hoje teve lugar na Moldova, foi sobretudo uma ocasião especial, como aludiu, para que todos os participantes pudessem debater as questões que preocupam todos os europeus, “numa perspetiva alargada” e não apenas uma discussão “restrita aos países da União Europeia”. Uma forma adequada para se poder aquilatar quais os desafios comuns que a Europa tem pela frente, destacando o primeiro-ministro, a este propósito, a questão da energia.
Uma discussão que, para António Costa, deu um novo passo em frente para se poder apurar em que estado está verdadeiramente a Europa alargada em matéria de segurança energética e medir a necessidade de “acelerar a transição energética e o reforço das interconexões”.
Ainda de acordo com o primeiro-ministro, segurança significa “diversificar fornecedores, rotas e fontes de produção de emergia”, garantindo que Portugal, em todos estes capítulos, “pode desempenhar um papel estratégico”, apontando como razão o facto de ser dos países “que tem uma maior intensidade de recurso às fontes renováveis”. Avançando com o exemplo de 2022, “ano de grande seca”, em que 58% da eletricidade consumida no país teve origem nas renováveis, tendo chegado inicialmente, como também adiantou, “aos 75%” no primeiro trimestre do ano, António Costa recordou que o Governo tem como meta “atingir 2026 com 80% da eletricidade produzida por fontes renováveis”.
Alcançado este objetivo, ainda segundo o primeiro-ministro, Portugal estará então “na linha da frente na produção de hidrogénio verde e de outros gases renováveis”, permitindo que as interconexões, entretanto já acordadas com Espanha e França, mas também os acordos por via marítima, já aprovados pela Comissão Europeia, entre o Porto de Sines e o Porto de Roterdão, e que podem ser “alargados a outros países”, designadamente à Alemanha, como referiu, abram caminho para que a Europa deixe de ser só importadora e passe à posição de exportadora.
Adesão da Ucrânia à NATO exige “posição coletiva”
Mais à frente, o primeiro-ministro lembrou aos jornalistas portugueses que esta reunião serviu também para os aliados da NATO, que hoje estiveram reunidos na cidade moldava localizada perto da fronteira ucraniana, ultimarem “uma posição coletiva” sobre o futuro da Ucrânia na Aliança Atlântica, defendendo António Costa que esta será uma questão a ser decidida de forma coletiva e nunca em resultado de uma qualquer “posição individual”, garantindo que este será um tema a ser trabalhado e aprofundado na próxima cimeira de Vílnius, em julho.
Quanto ao apelo do chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, com quem se reuniu e que à entrada para esta cimeira incitou os aliados da NATO a integrarem a Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte já na próxima cimeira de julho, António Costa insistiu que esta integração para já “não se coloca”, defendendo ainda que a melhor forma de garantir uma paz justa e duradoura, após terminar a ofensiva militar russa, terá de ser feita em função “daquilo que for a negociação dos termos de paz”.
O primeiro-ministro deixou ainda a garantia de que Portugal, dentro das suas possibilidades, não deixará de continuar a dar todo o apoio à Ucrânia, lembrando o envio de “muito material militar de diferente natureza”, destacando ainda a disponibilidade que o país já anunciou para dar formação a pilotos ucranianos na utilização dos F16.