Com este entendimento, e segundo os três líderes europeus, que voltarão a reunir-se no início de dezembro em Alicante com o objetivo de concretizar este acordo, é enterrado definitivamente o projeto MidCat, o gasoduto que pretendia atravessar os Pirenéus e que apenas se destinava à distribuição de gás, surgindo em seu lugar um novo projeto que prevê a construção de um ‘pipeline’, conectando a Península Ibéria aos restantes países da União Europeia, ligando Barcelona a Marselha, por via marítima, cabendo à parte portuguesa a ligação de Celorico da Beira à cidade espanhola de Zamora.
Para António Costa, que saudou as bases deste acordo, que futuramente, como salientou, permitirá o transporte de hidrogénio, designadamente, a partir do porto de Sines, fica aberta a possibilidade da criação de interligações energéticas entre Portugal, Espanha e França, pondo “fim ao isolamento energético da Península Ibérica” e ajudando a que haja uma maior “segurança de abastecimento de energia da União Europeia” e uma menor dependência de países produtores de gás como a Rússia.
Em causa está “um gasoduto vocacionado para o hidrogénio ‘verde’ ou outros gases renováveis e que, transitoriamente, pode ser utilizado para o transporte de gás natural até uma certa proporção”, tendo António Costa realçado que “serão reforçadas também as interconexões elétricas”.
Faltará agora, segundo o chefe de Governo português, “acertar os pormenores, do ponto de vista técnico” e de financiamento europeu.
Este encontro decorreu na embaixada francesa, em Bruxelas, à margem do Conselho Europeu que se realiza entre hoje e amanhã na capital belga, tendo António Costa realçado, após a reunião com Emmanuel Macron e Pedro Sánchez, a importância de se ter terminado um “bloqueio histórico” em torno do tema das interconexões da Península Ibérica com o conjunto da Europa.
“É, por isso, uma boa notícia: está ultrapassado um dos bloqueios mais antigos da Europa e é um bom contributo que Portugal e Espanha dão para o conjunto da Europa, de como é possível, ultrapassando bloqueios, ajudar ao espírito de solidariedade comum”, acrescentou.