António Costa saúda acordo e espera que o compromisso seja aprovado
“Acho que a grande prioridade que todos tínhamos era evitar uma saída sem acordo, e só espero que este acordo seja efetivamente aprovado, não só na União Europeia, mas também no parlamento britânico” declarou, à saída do encontro com o presidente cessante da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em Bruxelas.
António Costa, que participa a partir de hoje na cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, recordou o ‘histórico’ de acordos alcançados entre a UE e diferentes governos britânicos para a saída ordenada do Reino Unido, que acabaram por não ser aplicados, dado não terem sido depois aprovados pelo parlamento britânico, para assumir uma posição de prudência.
“Que eu me recorde, só nestes quatro anos chegámos a um acordo com (David) Cameron, que não resultou numa vitória no referendo, chegámos a um acordo com (Theresa) May, que não foi aprovado no parlamento e tivemos um aditamento ao acordo com a senhora May que também não foi aprovado no parlamento. Portanto, espero que à quarta seja de vez e que este acordo valha não só entre nós e o governo britânico, mas também que o parlamento britânico possa ter a aprovação e possamos passar àquilo que é mais importante, que é trabalharmos na relação futura com o Reino Unido”, afirmou.
Estreitar relação futura
Como realçou António Costa, “convém nunca esquecer” que o Reino Unido é um parceiro económico e aliado em matéria de defesa e segurança, pelo que é fundamental, vincou, “estreitar muito essa relação”.
“E sobretudo [para] um país como Portugal, que tem com o Reino Unido a mais antiga aliança mundial, estamos muito empenhados nesta nova fase da relação e, portanto, ainda bem que chegamos a este acordo agora para a saída, para passarmos ao que mais importa que é a nossa relação futura”, reforçou.
A União Europeia e o Reino Unido anunciaram esta quinta-feira ter chegado a acordo para a saída do país do bloco comunitário, depois de longas e intensas negociações nos últimos dias, e a poucas horas do início de um Conselho Europeu que começará precisamente com uma discussão sobre o compromisso alcançado.
As partes alcançaram também um acordo sobre o protocolo revisto para a Irlanda e a Irlanda do Norte, procurando “identificar uma solução mutuamente satisfatória”, dada a necessidade de “evitar a imposição de uma fronteira física”.
Sobre a Declaração Política do acordo, a Comissão Europeia afirma que o objetivo das negociações foi “definir o quadro da relação futura, de uma forma que reflita o nível diferente de ambição agora pretendido pelo governo do Reino Unido”.
Num comentário aos termos do acordo António Costa afirmou que as indicações que tem “é que satisfazem todos os requisitos que tinham sido colocados”, apontando, em particular, “manter a integridade do mercado interno, a integridade também naturalmente do Reino Unido e o respeito do acordo de Sexta-feira Santa entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte, de forma a não comprometer o processo de paz na Irlanda”.
“Acho que está tudo assegurado e, portanto, isso é um excelente sinal”, concluiu o líder do Governo português.
O texto final do acordo tem de ser validado pelos chefes de Estado e de Governo, reunidos em Conselho Europeu hoje e sexta-feira, e ratificado pelo parlamento britânico e pelo Parlamento Europeu.