“É importante que, neste contexto, países que são irmãos, que souberam construir uma relação de fraternidade, sejam precisamente o exemplo de como há mais vida depois da pandemia e que mesmo neste quadro de guerra há caminho para construir o futuro”, afirmou António Costa, depois de se reunir, na cidade da Praia, com o homólogo cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva.
“É um momento por um lado de esperança de que estejamos à beira de nos podermos libertar desta pandemia, mas também um momento de grande ansiedade a nível mundial, a assistir a uma guerra terrível e que tem consequências muito para além do local onde a guerra se desenrola e projeta efeitos e danos um pouco em todo o mundo e seguramente também nas nossas vidas”, salientou o líder do executivo socialista.
No âmbito desta visita oficial, os governos de Portugal e de Cabo Verde reúnem-se, esta segunda-feira, na VI Cimeira entre os dois países lusófonos, que culminará na assinatura do Programa Estratégico de Cooperação 2022-2026, o qual será traduzido por um financiamento de cerca de 95 milhões de euros, contando com a presença portuguesa dos ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e da Justiça e da Administração Interna, Francisca Van Dunem, assim como do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Francisco André.
Eliminar barreiras
No sábado, o chefe do Governo português esteve na Guiné-Bissau, onde manteve encontros com o Presidente Umaro Sissoco Embaló e com o seu homólogo Nuno Gomes Nabiam, realçando a dupla dimensão da visita, por um lado, representando “um sinal claro de apoio à estabilidade” e “ao normal funcionamento das instituições” deste país, e por outro, de reforço da cooperação bilateral, que se quer ainda “mais sólida e concreta” nos próximos anos.
“Saio daqui convicto de que vamos poder, nos próximos anos, dar passos mais concretos e sólidos na cooperação e de que identificamos também novas áreas onde é possível trabalharmos em conjunto”, referiu António Costa numa declaração à imprensa, em Bissau.
Neste sentido, o líder do executivo português apontou “os passos que foram dados tendo em vista resolver problemas burocráticos” na concessão de vistos e que “agora, com o novo acordo de mobilidade, vão ser revistos”.
Portugal, como referiu António Costa, adaptará a “legislação em matéria de visto e autorização de residência ao novo acordo de mobilidade de forma a cumprir o objetivo desse acordo que é eliminar barreiras de circulação entre os cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” e, designadamente, “dos guineenses que queiram visitar, viver, estudar, trabalhar, investir e fazer turismo em Portugal”.
Num encontro no qual os dois países salientaram que Portugal é “a porta de entrada da Guiné-Bissau na Europa” e que a Guiné-Bissau é, também, uma porta de entrada de Portugal na Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), António Costa transmitiu ainda ao Presidente guineense o desejo português de cooperar em questões prementes da agenda internacional, em particular as que mais afetam esta região do continente africano.