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António Costa recorda “cumplicidade” e “amizade” com figura maior que “reconciliou o fado com a democracia”

António Costa recorda “cumplicidade” e “amizade” com figura maior que “reconciliou o fado com a democracia”

O primeiro-ministro e Secretário-geral do PS, António Costa, evocou a memória de Carlos do Carmo, lamentando a perda de “um grande amigo” e lembrou a “cumplicidade” com um artista que foi decisivo para “reconciliar o fado com a democracia”.
António Costa recorda “cumplicidade” e “amizade” com figura maior que “reconciliou o fado com a democracia”

“Foi fundamental para reconciliar o fado com a nossa democracia e libertá-lo da ideia tão errada da tentativa de apropriação por parte do Estado Novo. Foi decisivo para essa libertação”, disse António Costa, lembrando que Carlos do Carmo foi também “um dos pilares fundamentais” da candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade e “alguém que se empenhou muito na renovação geracional do fado”.

“Apoiou e estimulou muito os novos fadistas porque tinha noção de que era fundamental para preservar o fado que continuasse a haver novas vozes que lhe dessem continuidade”, assinalou.

“Para mim foi uma perda imensa como amigo e é um momento de grande tristeza. Uma forma muito triste de começar este ano que queríamos que fosse de viragem”, acrescentou, sublinhando o “privilégio de podermos ficar com a voz do Carlos do Carmo para sempre”.

Numa nota mais pessoal, o líder socialista recordou que o fadista foi mandatário da sua candidatura à Câmara Municipal de Lisboa, em 2009, numa relação sempre pautada pela exigência.

“Deu-me a honra de ser meu mandatário quando fui candidato à Câmara de Lisboa e não se limitou a dar o nome, o prestígio e a acompanhar-me na campanha eleitoral”, disse, recordando: “Tinha o hábito de guardar sempre os folhetos de campanha e periodicamente íamo-nos encontrando e fazia questão de ir verificando como é que tinha sido executado cada ponto do programa. Via ponto a ponto se tudo se cumpria, porque é que havia atrasos”.

“Foi uma cumplicidade política que se transformou numa bela amizade”, acrescentou António Costa, sublinhando que já na chefia do Governo, Carlos do Carmo nunca lhe faltou com “palavras carinhosas” sobretudo nos “momentos mais difíceis”.

António Costa endereçou condolências à mulher e aos filhos de Carlos do Carmo, falecido na secta-feira em Lisboa, aos 81 anos, prometendo para quando a necessidade de confinamento provocada pela pandemia terminar “a grande homenagem” pública ao fadista.

O Governo decretou um dia de luto nacional para esta segunda-feira, pela morte do fadista, que será também homenageado no espetáculo de abertura da Presidência Portuguesa da União Europeia.

O Executivo propôs ainda ao Presidente da República a atribuição da Ordem da Liberdade, a título póstumo, “pelo determinante papel que Carlos do Carmo teve na renovação do fado, atribuição que, de resto, já estava prevista”.