Num frente-a-frente que começou por abordar questões de governabilidade, o líder socialista e a deputada do PAN convergiram na crítica ao chumbo do Orçamento do Estado para 2022, que precipitou uma crise política indesejável para o país, com António Costa a registar o sentido de responsabilidade de quem procurou encontrar soluções na discussão parlamentar.
“Além do PS, [o PAN] foi o único partido que não contribuiu para esta crise política”, disse.
No debate, temas como o desdobramento dos escalões do IRS, a taxa de carbono ou as medidas para a transição climática, de que foram exemplo o encerramento das centrais a carvão, suscitaram pontos de convergência entre António Costa e Inês de Sousa Real, com António Costa a acentuar que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) destina destinará 38% das suas verbas a medidas diretas e transversais para a transição climática, importando ainda juntar a este montante os recursos financeiros que resultarão da reforma da Política Agrícola Comum (PAC) e dos fundos do Portugal 2030.
Sobre a matéria relacionada como a exploração do lítio em zonas ambientais protegidas, o Secretário-geral do PS esclareceu que a mesma não terá lugar sem que a avaliação de impacto ambiental o permita, considerando que este é um recurso mineral “decisivo para resolver um problema fundamental na transição energética, que é do armazenamento de energia”.
Já sobre a construção do novo aeroporto complementar de Lisboa, que a porta-voz do PAN defendeu que deveria ser localizado em Beja, António Costa lembrou que esta é uma questão que já “está a ser discutida há 60 anos” e que a opção consolidada pela localização no Montijo vem solucionar um investimento que é essencial e inadiável para o país, sublinhando, por outro lado, que uma eventual deslocalização da infraestrutura para quase 200 quilómetros da capital implicaria uma “pegada ambiental” significativamente maior.
PSD traz muitos números e pouca preocupação com as pessoas
No final do debate, António Costa teve ainda ocasião para comentar o Programa Eleitoral do PSD, apresentado na tarde de sábado, apontando que o documento permite, desde já, retirar duas conclusões: poucas propostas para as pessoas e pouca preocupação com o país.
“Muitos números, muitos números, muitos números. Ainda vou a meio de ver os números todos que o Dr. Rui Rio apresentou. Vi pouco de propostas para as pessoas, muito número, mas pouco da vida das pessoas e pouca preocupação com o país”, referiu.