O primeiro-ministro, António Costa, acredita que no período pós pandemia haverá um “crescimento mais forte das relações a todos os níveis entre a Europa e o espaço Ibero-Americano”, onde a TAP assumirá um papel importante neste quadro de relações, em particular entre Portugal e o Brasil, o que justifica o esforço do Governo em proteger a companhia.
“Estamos a fazer um esforço imenso para proteger a nossa companhia aérea, a TAP, que é a ponte de ligação entre o Brasil e a Europa. A manutenção da TAP é essencial para que depois da crise [da covid-19] haja um crescimento mais forte das relações a todos os níveis entre a Europa e o espaço Ibero-Americano”, afirmou esta terça-feira, o chefe do Governo português, António Costa, durante a sua intervenção no Fórum Empresarial Ibero-Americano, que teve lugar em Andorra.
O encontro empresarial, que antecede a cerimónia de abertura da XXVII Cimeira Ibero-Americana, contou também com a presença dos chefes de Estado e de Governo de Andorra, República Dominicana, Espanha e Guatemala, e da Secretária-Geral Ibero-Americana.
António Costa anunciou que, durante a presidência portuguesa do Conselho Europeu, será instalado o primeiro cabo de fibra ótica que ligará os dois lados do Atlântico, o que constitui a “chave para o desenvolvimento conjunto da economia baseada no digital”.
“Em junho, vamos também concluir a instalação do primeiro cabo de fibra ótica entre a América Latina e a Europa. Será uma ligação em Fortaleza (Brasil) e Sines (em Portugal)”, avançou o líder do Governo, acrescentando que “esta ligação é a chave para o desenvolvimento conjunto da economia do futuro – uma economia que será seguramente uma economia baseada no digital”, afirmou.
Relativamente às relações ibero-americanas, “há três prioridades muito claras: A conclusão do acordo de amizade com o Chile, o acordo comercial com o México e o avanço das negociações [da União Europeia] e Mercosul”, apontou o primeiro-ministro.
Para António Costa, o processo de negociações entre a União Europeia e Mercosul “é o mais difícil, mas é também o mais promissor”, sublinhando, neste sentido, que seria “o maior acordo económico e comercial à escala global”.
O primeiro-ministro adiantou, ainda, que a presidência portuguesa “está a insistir na necessidade de se fechar agora o acordo complementar – que está muito avançado – sobre clima, desflorestação, tendo em vista possibilitar aprovação de um acordo geral pelo Conselho e Parlamento Europeu”.
Crítica à “guerra” por vacinas
António Costa referiu-se, também, ao tema da vacinação contra a Covid-19, quer “na Europa, mas também nos continentes africano e América Latina”, criticando a proibição das exportações e as “guerras nacionais” pelas vacinas e sublinhando a “importância de se criarem cadeias de valor global de produção”.
“A União Europeia (UE) é uma das regiões que nunca interrompeu a exportação de vacinas e grande parte (senão mesmo a totalidade) das vacinas disponíveis na Covax (cooperação mundial) foram produzidas aqui na Europa”, fez notar o primeiro-ministro.
Nesta matéria, segundo o líder socialista, a UE é um exemplo que deve ser seguido por outros países, designadamente pelos Estados Unidos e Reino Unido, pois, tal “como o vírus não tem nacionalidade nem conhece fronteiras, também as vacinas não têm nacionalidade”.
“Todas as vacinas que demonstrem a sua eficácia e segurança sanitária têm de possuir licença de introdução no mercado. Essas vacinas tanto podem ser produzidas na Europa, nos Estados Unidos, na China ou na Rússia. A verdade é muito clara: Todos somos poucos para produzir a quantidade de vacinas necessárias à escala global”, afirmou o primeiro-ministro.
António Costa considera que são “inadmissíveis as guerras comerciais com base em bens essenciais, como são as vacinas”.
“Temos de possuir um organismo internacional para o reconhecimento comum da segurança das vacinas. Um organismo que confira uma licença global para essas vacinas serem comercializadas em todo o mundo”, defendeu.