António Costa promove diálogo entre democratas e progressistas europeus
Falando aos jornalistas antes de se reunir com o Presidente francês no Palácio do Eliseu, o primeiro-ministro português manifestou preocupação com eventual subida eleitoral da direita radical nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, um cenário que, como referiu, obriga os democratas e progressistas europeus a iniciarem desde já um diálogo franco e aberto, para que, em conjunto, encontrem as soluções adequadas a barrar o caminho à extrema-direita, que ainda este fim de semana se reuniu em Itália para acertar estratégias, como lembrou António Costa.
Persuadido de que, nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, “nenhum partido” ou família política conseguirá obter a maioria, o primeiro-ministro defende como solução imediata e como forma de fazer estancar o eventual peso dos partidos nacionalistas nas instituições europeias, a criação de uma “grande união entre os democratas e progressistas”, uma aliança que, segundo o líder socialista português, seja capaz de contrariar a “internacional de extrema-direita”, que começa a assumir contornos preocupantes, até pelos “muitos eurodeputados” que as sondagens anunciam que vão eleger.
Para António Costa, quando observamos a extrema-direita a construir uma internacional à escala do continente, é chegado a altura de “compreender que independentemente das diferenças entre uns e outros”, ou seja, entre os democratas e os progressistas, “todos temos de responder de forma positiva” aos verdadeiros anseios e às efetivas necessidades dos cidadãos europeus.
António Costa fez ainda questão de vincar que, independentemente das diferentes famílias políticas, o diálogo deve ser mantido com todos os líderes europeus, porque é assim, como justificou, que se podem “construir as soluções políticas” para a Europa.
O primeiro-ministro chamou ainda a atenção para a importância da aliança com a França, classificando-a mesmo de “muito frutuosa”, salientando que hoje está ainda mais reforçada pelo facto de o Governo francês mostrar total disponibilidade para que se avance com a reforma da zona euro.
Um tema que, “há três anos e meio apenas, só era uma prioridade para os governos português e grego” e que hoje assume um caráter mais alargado, como lembrou António Costa, sendo mesmo “uma das questões centrais do debate europeu”, graças ao “grande impulso” dado ao tema pelo Presidente francês, indicando o primeiro-ministro como exemplo a nova proposta orçamental para a zona euro que vai ser apresentada em finais do próximo mês de junho e onde se prevê que haja uma acrescida capacidade de financiamento para a competitividade e para a convergência entre os diversos Estados-membros.
Coligação de progresso e futuro
No final do encontro, António Costa e Emmanuel Macron salientaram a importância da criação de uma “coligação de progresso e futuro”, após as eleições europeias, entre as forças políticas que “pretendem construir a próxima etapa do projeto europeu”.
Garantindo que esta é uma semana decisiva para o futuro da Europa, os dois políticos defenderam que “ninguém deve deixar de participar nestas eleições”, que classificam de “decisivas” para que os cidadãos possam usufruir de “uma Europa de sucesso”.
António Costa teve ainda oportunidade de se reunir na parte da tarde com a autarca de Paris, Anne Hidalgo, tendo ainda visitado um evento onde estão expostas e representadas cerca de 50 marcas portuguesas, no âmbito de uma ação de promoção dos produtos portugueses em França.