António Costa marca diferenças com resultados da economia e confiança do país
“Portugal está a crescer acima da média europeia desde 2017 e vai continuar a crescer nos próximos anos, reduziu para metade a taxa de desemprego, registou-se um crescimento das exportações” e assistiu-se “a um aumento da confiança, além da existência de contas certas”, afirmou o líder socialista e chefe do Governo, no frente a frente que teve lugar no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, e que foi transmitido em direto pelos três canais generalistas.
A evolução macroeconómica de Portugal na última legislatura foi um dos temas fortes do debate, com António Costa a sublinhar o percurso alcançado. “Temos o défice mais baixo da nossa democracia e o rácio mais baixo da nossa dívida pública dos últimos anos”, disse, referindo-se, depois, ao desagravamento fiscal sobre o rendimento de trabalho dos portugueses, em cerca de 1.000 milhões de euros, que o líder do PSD reconheceu, aliás, ter sido cumprido.
O Secretário-geral do PS e primeiro-ministro refutou também, em absoluto, a tese de que tenha existido um aumento de impostos nos últimos quatro anos, justificando a trajetória de aumento da receita fiscal pela redução do desemprego, com o aumento das contribuições para a Segurança Social, e pela devolução de rendimentos, o que aumentou a confiança na economia e fez crescer o consumo e, consequentemente, as receitas do IVA.
“Aumentámos em 21 anos a estabilidade da nossa Segurança Social. Em segundo lugar, nós procedemos a uma significativa redução de impostos sobre o trabalho, ainda bem que o doutor Rui Rio reconhece que há uma redução de 1.000 milhões de euros por ano naquilo que os portugueses pagam em IRS. O que os portugueses poupam em IRS é duas vezes e meia mais do que os pequenos aumentos em alguns impostos sobre o consumo”, vincou.
“O que houve nesta legislatura foi uma justa redução dos impostos. Aquilo que o doutor Rui Rio agora propõe é mais uma vez um choque fiscal que, como nós já sabemos desde o tempo do doutor Durão Barroso, acaba sempre num enorme aumento de impostos”, contrapôs António Costa, numa crítica às propostas fiscais apresentadas pelo PSD e lembrando o que também sucedeu com o governo de Passos Coelho.
Ainda em matéria fiscal, o líder socialista interpelou o presidente do PSD se tenciona baixar o ISP (Importo sobre Produtos Petrolíferos), medida que, a ser posta em prática, seria contrária às políticas de sustentabilidade ambiental.
Já quanto ao tema dos investimentos estratégicos para o país, António Costa manifestou-se “preocupado” com as dúvidas do PSD sobre a abertura do aeroporto do Montijo como complemento em relação à Portela, falando mesmo em “inconsistência” da parte dos sociais-democratas.
Visões opostas sobre o reforço do SNS
Sobre o Serviço Nacional de Saúde, outro dos temas fortes que marcaram o debate, António Costa apontou o aumento de 1.600 milhões de euros na execução do investimento na área da saúde, o crescimento de 11 mil profissionais, bem como mais consultas realizadas quer nos hospitais, quer nos centros de saúde.
“Quando se diz que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está pior, lamento, não é verdade. Quando se diz que o SNS não está como desejamos, é verdade”, garantiu o líder socialista, apresentando algumas das medidas a implementar na próxima legislatura, como o reforço das valências das Unidades de Saúde Familiares (com consultas de pediatria e ginecologia) ou a criação de unidades móveis nos territórios do interior.
António Costa referiu-se, depois, a um ponto concreto do programa do PSD na área da saúde, em que os sociais-democratas se propõem limitar os consumos intermédios a 1%.
“Não têm em conta que 60% desses consumos intermédios no Estado são com o SNS. Nesta legislatura, aumentaram 3% ao ano. Limitar a 1% significa um corte brutal de asfixia no SNS”, alertou.
O líder do PS e primeiro-ministro enfatizou que a governação dos últimos quatro anos pode responder com resultados. “Eu não posso discutir com dr. Rui Rio nesta base porque é uma questão de fé, diz que vai fazer uma brutal redução de impostos, e que não vai permitir que a despesa cresça. Eu respondo com resultados destes quatro anos e mostro que o nosso programa, não só não era perigoso, como era muito virtuoso”, sustentou António Costa.