Falando ao princípio da tarde de hoje aos jornalistas, à margem da cerimónia da atribuição do nome de Gago Coutinho ao aeroporto de Faro, numa altura em que se assinalam os 200 anos da independência do Brasil e o centenário da primeira travessia aérea do Atlântico Sul, o primeiro-ministro acusou o PSD de ser um partido com uma visão política “paternalista e caritativa”, muito longe, portanto, como se intui, dos princípios e dos valores sociais-democratas que diz prosseguir, lembrando António Costa que, ao contrário da direita, o Governo do PS defende que o apoio extraordinário atribuído a cada cidadão ativo não pode ser gerido pelo Estado, “de forma caritativa como defende o PSD”.
Ao ter proposto que se tivesse avançado não com a entrega direta do apoio às famílias, mas com uma solução paternalista, como a designou António Costa, de criação de vales alimentares, o PSD, para o primeiro-ministro, estava verdadeiramente a defender que fosse o Estado a decidir onde as famílias podiam gastar esse dinheiro. O que seria, como salientou, uma forma clara de lhes retirar “autodeterminação e liberdade”, sendo que o pacote de medidas proposto pelo PSD, como também referiu António Costa, no seu montante global, “era menos de metade do montante do programa que nós apresentámos”, sendo que o do Governo, como também salientou, “é exclusivamente destinado às famílias”.
Ainda de acordo com o primeiro-ministro, esta ajuda extraordinária de 125 euros agora anunciada pelo Governo, “ao contrário do proposto pelo PSD”, não se destina apenas e só às pessoas mais necessitadas, “a quem, ao longo deste ano, já foi atribuído um apoio de 120 euros”, mas abrange igualmente “todos aqueles que ganham até 2.700 euros mensais brutos em média”.
Pensões vão continuar a subir
Neste encontro com os jornalistas, o primeiro-ministro deixou ainda a garantia de que, em 2024, “ninguém vai receber menos de pensão do que em 2023”, insistindo mesmo que “ninguém perderá um cêntimo relativamente àquilo que receberia até ao final de 2023”, aconselhando, contudo, que esta seja uma discussão a ter “daqui a um ano”, altura, como justificou, em que será mais fácil analisar toda a situação e a realidade da inflação, da economia e das finanças do país, para então se “poder fixar o aumento para 2024”.
António Costa mostrou ainda alguma surpresa com o rumo do debate político a propósito das recentes medidas anunciadas pelo Governo de apoio às famílias, sublinhando que o que “estamos a tomar são medidas para 2022”, com reflexos para 2023, como acrescentou, sendo estranho que a oposição insista em discutir o que vai acontecer em 2024, garantindo que na altura própria “lá chegaremos, para fazer essa discussão”.