António Costa lamenta perda para Portugal de “um dos seus maiores cronistas”
“Portugal perdeu hoje um dos seus maiores cronistas da atualidade. Todos sentiremos falta da acutilância, da argúcia, até da irónica rispidez de Vasco Pulido Valente”, referiu António Costa, numa mensagem onde evocou também a sua obra literária.
“Sempre marcantes as suas palavras, desde o incontornável ‘O Poder e o Povo’, passando pelo pujante ‘Às Avessas’ e à força inteligente das suas crónicas e comentários. Os meus sinceros sentimentos à família”, escreveu.
“Dos intelectuais mais marcantes da vida pública portuguesa”
Também a ministra da Cultura, Graça Fonseca, divulgou uma nota de pesar, considerando que Pulido Valente foi “um dos intelectuais mais marcantes da vida pública portuguesa” nos últimos 50 anos, lembrando “uma voz dissonante” e um “olhar lúcido e crítico da política e da sociedade portuguesa, que nunca procurou nem pediu consensos”.
“Com uma escrita exemplar e limpa, os textos de Vasco Pulido Valente são um testemunho único sobre a nossa história, do período oitocentista e da Primeira República, do 25 de Abril e da vida em democracia, fruto de um conhecimento muito profundo e sistematizado da realidade portuguesa”, referiu.
Nascido em 1941, Vasco Pulido Valente licenciou-se em Filosofia e doutorou-se em História, tendo trabalhado como investigador e professor em diversas instituições da academia. Autor de vários livros, foi colunista dos jornais Público, Expresso, Diário de Notícias, A Tarde e O Independente, assim como do jornal digital O Observador. Trabalhou ainda como comentador da rádio TSF, da Rádio Comercial e da estação televisiva TVI.
Deve-se a uma crónica sua, publicada no jornal Público em 2014, intitulada ‘A Geringonça’, a designação popular que mais tarde veio a ser adotada para caracterizar a solução de Governo apoiada nos acordos entre o Partido Socialista, Bloco de Esquerda, PCP e PEV.
Na sua atividade política, integrou como secretário de Estado da Cultura o VI Governo Constitucional, dirigido por Francisco Sá Carneiro, tendo sido apoiante de Mário Soares na sua primeira candidatura presidencial, em 1986. Foi ainda deputado à Assembleia da República, na VII Legislatura, eleito como independente nas listas do PSD.
Morreu na passada sexta-feira, em Lisboa, aos 78 anos.