António Costa: “Há uma certa orfandade na Madeira”
“Todos os sinais indicam que há uma grande vontade de mudança na Madeira e de esgotamento de ciclo”, diz o primeiro-ministro numa entrevista à Lusa concedida na sua residência oficial.
“Manifestamente tivemos um longo ciclo personalizado no doutor Alberto Jardim, tão personalizado que não houve quem lhe sucedesse efetivamente”, sustenta.
António Costa manifesta-se, contudo, cauteloso em relação ao resultado final das eleições legislativas regionais no arquipélago, que se realizam a 22 de setembro, e nas quais o Partido Socialista apoia o ex-presidente da Câmara do Funchal, Paulo Cafôfo, para chefiar o Governo.
“O Dr. Paulo Cafôfo deu boas provas enquanto presidente da Câmara do Funchal de ser um homem capaz, não só de unir a sociedade, de construir uma base política sólida, mas também uma capacidade de gestão e realização muito grande”, afirma o primeiro-ministro, para quem este aspeto “é um fator de esperança que se sente na Madeira e, a 22 de setembro”. “Veremos qual é o resultado final”, conclui.
Costa responde à “paciência revolucionária” de Jerónimo com a sua “paciência reformista”
António Costa, responde à “paciência revolucionária” que o secretário-geral do PCP disse ter tido consigo e com o PS com a sua própria “paciência reformista”, e admite que essa foi uma das “grandes conjugações desta legislatura”.
“Isso foi uma das grandes conjugações desta legislatura: a ‘paciência revolucionária’ do Jerónimo de Sousa com a ‘paciência reformista’ do António Costa”, brinca, quando confrontado com o desabafo do líder comunista, também em entrevista à Lusa.
Questionado se com a coordenadora do BE, Catarina Martins, também se passou o mesmo, ou seja, se foi também preciso paciência, António Costa, responde: “Temos todos. A política é necessariamente um exercício de paciência, porque tem de ser um esforço contínuo de compromisso para encontrar soluções para problemas que são complexos”.
O secretário-geral do PS lembra que o grau de compromisso alcançado com os partidos da esquerda parlamentar permitiu a Portugal destacar-se de um universo europeu “marcado pela ingovernabilidade”, marcado, por exemplo, por políticas protecionistas ou xenófobas.
“Conseguimos encontrar nível de compromisso político e de coesão interna bastante assinalável mesmo depois do período dramático de intervenção da ‘troika'”, afirma.